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A Criada | Crítica

Comédia premiada em Sundance mistura sem meio termo drama pessoal com filme-de-maníaco

01.10.2009, às 13H00.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 02H06

Vencedor dos prêmios de melhor filme de ficção e melhor atriz no Festival de Sundance deste ano (na categoria de filmes em língua estrangeira), A Criada (La Nana) tenta se equilibrar entre a comédia cruel e o drama humanista. Sai-se melhor no primeiro, mas aposta suas fichas no segundo.

A empregada do título, Raquel (vivida no limite da caricatura pela premiada Catalina Saavedra), começa o filme celebrando, com bolo, o seu quadragésimo-primeiro aniversário. Quer dizer, a família da patroa comemora, e a criada insiste em limpar tudo depois, apesar da revolta da dona da casa. Todos ali tratam Raquel como parte da família, há quase duas décadas.

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E esse é o problema da criada - ela trata o filho mais velho como se fosse seu amado, judia da filha como se fosse sua, porque a rotina de horários da casa é sagrada, e expulsa outras empregadas que invadem seu terreno. Raquel abriu mão de sua identidade (e da sua própria família) para servir os outros, e até em seus dias de folga, quando faz compras, tenta replicar a vida alheia que assiste todo dia.

Essa premissa, que o diretor chileno Sebastian Silva aproveitou neste seu segundo longa-metragem para homenagear as próprias empregadas com que cresceu quando era jovem, rende momentos, como já se disse, de humor despudorado: o novo gato da casa, a empregada rival peruana e a veterana criada da mãe da patroa sofrem na mão de Raquel, em cenas que evocam o lado mais anedótico dos filmes-de-maníaco.

O despudor se estende para a porção dramática - porque, afinal, Raquel é a protagonista e uma hora terá que lidar com os rumos que sua vida tomou, em busca de uma redenção. Silva tem predileção especial por filmar Catalina Saavedra nua, ou em close-ups agressivos que fazem notar a papada e a pele ruim do rosto da atriz. É assim que A Criada transita da comédia para o drama, na base do constrangimento.

O diretor demonstra em alguns momentos que consegue intercalar o drama com o humor de forma sutil (como quando o marido pega os tacos de golfe ao fundo, enquanto as mulheres têm conversa séria no primeiro plano), mas sutileza não é o forte de Sebastian Silva. E aí gostar ou não do filme é mais uma questão de tolerância com a maneira como ele maltrata, travestido de carinho, a personagem principal.

A Criada | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular
A Criada
La Nana
A Criada
La Nana

Ano: 2009

País: Chile

Classificação: 12 anos

Duração: 95 min

Direção: Sebastián Silva

Roteiro: Sebastián Silva, Pedro Peirano

Elenco: Catalina Saavedra, Claudia Celedón, Andrea García-Huidobro, Mariana Loyola, Alejandro Goic

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