Alice Eve em A Maldição do Queen Mary (Reprodução)

Créditos da imagem: Alice Eve em A Maldição do Queen Mary (Reprodução)

Filmes

Crítica

A Maldição do Queen Mary é longo e atribulado demais - mas nunca entediante

Gary Shore cria uma casa (melhor, barco) de horrores divertida, mas exaustiva

Omelete
3 min de leitura
13.12.2023, às 06H00.

O cineasta irlandês Gary Shore fez sua estreia em longas-metragens em 2014, com Drácula: A História Nunca Contada, uma das muitas tentativas da Universal de lançar o seu Dark Universe de monstros clássicos do horror. Não só a bilheteria decepcionou, no entanto, como o filme em si saiu uma criatura curiosa: visualmente bem resolvido, sabia como reforçar a escala épica de suas batalhas, efeitos especiais e elementos sobrenaturais (o diretor de fotografia John Schwartzman, habitué dos filmes de Michael Bay, ajudou bastante aí), mas era um filme que se curvava sob o peso de uma seriedade autoimposta, um clima de tragédia shakespeariana que não combinava com seu status indisfarçável de caça-níquel.

Sete anos depois, Shore está de volta com A Maldição do Queen Mary, um filme muito menos sério (crédito onde ele é devido), mas igualmente emaranhado em tribulações que só fazem distrair de seu potencial de entretenimento. A diferença é que, ao invés de tragédia shakespeariana, o que temos aqui é uma mitologia excessivamente complicada, uma vontade juvenil de abraçar múltiplas premissas e reviravoltas sem dar espaço para nenhuma se tornar uma história de verdade. A Maldição do Queen Mary quer estar sempre um passo adiante do público, e é cheio de truques para garantir isso, mas nos enganar serve de quê quando não temos razão para investir em nenhuma das “verdades” que o filme mais tarde subverte?

É até um pouco difícil resumir a trama sem se perder em detalhes frívolos, mas aqui vai uma tentativa: nos dias de hoje, Anne Calder (Alice Eve), o marido Patrick (Joel Fry) e o filho Lukas (Lenny Rush) visitam o gigantesco navio Queen Mary para propor um projeto difusamente detalhado que resgataria a rica história da embarcação, e investigaria suas supostas assombrações. Enquanto isso, em 1938, uma família de trapaceiros à bordo do navio tenta arranjar uma oportunidade para sua filha, que sonha em ser estrela de cinema, mas a noite termina em tragédia quando o patriarca assassina a sua mulher com um machado.

O quebra-cabeças proposto por A Maldição do Queen Mary consiste em desvendar os motivos por trás do violento crime nos anos 1930, desenhar sua conexão com a história dos Calder, e ainda buscar uma explicação para os acontecimentos sobrenaturais que se acumulam no histórico do navio. Só isso já é bastante trabalho para o roteiro de Shore e Tom Vaughan (A Maldição da Casa Winchester), mas eles ainda inventam muito mais com o que se preocupar: pulos temporais que precisam ser preenchidos mais tarde, um outro incidente em que soldados americanos foram transportados pelo navio e pegos por uma onda gigantesca, uma aparição com direito a número musical de Fred Astaire, e por aí vai.

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Fique registrado que Shore é muito bom em pendurar cada um desses elementos da forma certa no seu filme. O cineasta claramente estudou o cinema de horror nos anos que passou desenvolvendo Queen Mary, e inventou formas louváveis de renovar o apelo dos chavões visuais do gênero: lâmpadas piscantes e flashes de câmera, associados a cortes rápidos e deixas sonoras gritantes; assombrações plantadas no fundo dos planos, fora de foco; feitos de maquiagem grotescos revelados com viradas dramáticas de câmera; montagens que cortam entre eventos macabros e o público privilegiado jubilante, no andar de cima, que não faz ideia do que está acontecendo.

O diretor executa tudo isso e mais um pouco com estilo e segurança, cobrindo o seu filme de um verniz de excelência técnica e inventiva que, nos melhores momentos, é capaz de distrair o espectador do absoluto vazio que existe em seu centro narrativo. É bizarro, na verdade: tudo o que poderia estar dentro de A Maldição do Queen Mary, está - e, olha só, os roteiristas ainda planejaram este filme como o primeiro de uma trilogia! -, mas mesmo assim eleparece injustificado e exaustivo em suas mais de 2h de duração. 

Isso acontece, é claro, pelo mesmo motivo que passeios de montanha-russa dificilmente duram mais do que dois minutos: caso fossem muito mais longos, o desconforto venceria a adrenalina.

Nota do Crítico
Regular

A Maldição do Queen Mary

Haunting of the Queen Mary

Ano: 2023

País: EUA/Reino Unido

Duração: 125 min

Direção: Gary Shore

Roteiro: Tom Vaughan, Gary Shore

Elenco: Jim Piddock , Alice Eve , Joel Fry

Onde assistir:
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