After: Depois da Promessa insiste na ladainha do homem tóxico irresistível

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Crítica

After: Depois da Promessa insiste na ladainha do homem tóxico irresistível

Aquele que deveria ser o último filme da franquia agora é só mais um capítulo da injustificável história de Tessa e Hardin.

Omelete
4 min de leitura
29.08.2022, às 11H23.

É impossível ignorar todo o contexto em torno da franquia After. Seja de uma forma ou de outra, ela ajuda a entendermos a superficialidade do texto de Anna Todd e tudo que ele se tornou depois de todas essas continuações. A história nasceu de fanfics, um gênero narrativo que tem uma imensa força na internet e que tem seu valor justamente por abrir portas não só para novos leitores como também para novos autores. A partir da manipulação de uma realidade ou de uma ficção já existente, o processo criativo vai sendo despertado e leva até a algumas provocações; mas é importante atravessar a fronteira entre o que já existe e te inspira; e o encontro da sua própria voz.

Anna Todd teve problemas para entender isso. Assim como Stephenie Meyer e como E. L. James, o enredo e o estilo de After circulam entre o mundo dos fanfics e a dificuldade de conseguir contar uma história sem se desatrelar do quase plágio artístico. Nos trabalhos de todas elas há um ponto em comum alarmante: mulheres que vivem em torno de um homem que é misterioso, sombrio e tóxico, mas que elas, na renúncia da própria vida, vão “transformar” para o bem. Edward, Grey e Hardin escapam do escrutínio por conta da beleza rebelde, da inacessibilidade romântica inicial, dos segredos que escondem e na mentira da plena dedicação. Nenhum deles, contudo, considera a individualidade de suas amadas.

A chorumela em torno de Tessa (Josephine Langford) e Hardin (Hero Fiennes-Tiffin) chegou ao apogeu da superficialidade quando o filme anterior acessou um enredo de paternidade novelesco sem nenhuma vergonha, usando isso como justificativa para abalar a relação do casal e separá-los afim da encomenda de um final feliz. O subtítulo em português do filme é até mais honesto que o título original, já que “Ever Happy” realmente sugere uma ideia de conclusão, que como descobrimos ao final da projeção, não passa de um marketing falso e oportunista. Sendo assim, esse não é o fim e também não é o “final feliz”.

O novo longa começa exatamente do ponto em que o anterior terminou (ambos foram filmados juntos, o que ajudou no senso de continuidade), quando Hardin descobre um segredo envolvendo seu pai e passa a fazer o discurso vazio do “minha vida é uma mentira”. É exatamente o tipo de saída dramática que não considera o quanto personagens evoluíram ou o quanto existem problemas muito maiores na vida que justifiquem um comportamento autodestrutivo. Hardin volta a revelar sua toxicidade e sob a desculpa de que “o amor faz com que Tessa entenda a natureza dele”, a moça vai suportando tudo e aguentando tudo; e sempre voltando, mesmo que o sexo seja a única coisa que o roteiro consegue ilustrar como exemplo de conexão entre eles.

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O grande problema de todo esse universo é que ele vem de uma completa carência de autoanálise. A história de Tessa e Hardin é sempre interrompida por tragédias, o comportamento dele é errático, o dela é submisso, não há muito investimento em retratar aquele casal como um casal que merece estar junto. Na lógica de Anna Todd, fortalecer o amor dos protagonistas é um processo que precisa incluir dramas desnecessários e que nunca, sob hipótese alguma, pode demonstrar amadurecimento; do contrário, como aquele romance vai provocar a torcida dos espectadores?

Nada tem a mínima coerência... Tessa continua se humilhando, mesmo que Hardin continue aumentando seu nível de babaquice; e quando ela decide dar um ponto final naquele processo abusivo, ele ressurge como um escritor de sucesso, que no meio daquilo tudo que viveu desde sempre (e sem o menor traço de sensibilidade artística), teria “anotado” toda a história de ambos para que um livro fosse lançado mundialmente, do nada, como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo. Nesse universo é assim: o homem sempre se supera, sempre se torna mais e mais atraente, enquanto as mulheres vão se anulando. Assim, Tessa volta ao ponto em que sua vida está estagnada enquanto o moço se torna novamente o poderoso, sexy, bem-sucedido homem inalcançável.

As atuações são medíocres, as presenças de nomes como o de Mira Sorvino são lamentáveis e elementos como Hardin querendo tocar fogo na própria casa em resposta ao que descobriu sobre o pai são pura vergonha alheia. A trilha pop para embalar sequências de sexo, contudo, está lá, firme e forte. E é isso aí mesmo... se houver sexo bem musicado, o público supostamente perdoa a frouxidão da dramaturgia.

Enfim, para nossa surpresa, a exibição de After: Depois da Promessa, termina com a inscrição “Continua” surgindo na tela, nos ameaçando com uma nova continuação, mesmo que tantas notícias sobre o fim tenham sido veiculadas. O quinto filme é uma realidade e só nos resta esperar que dessa vez esse casal compreenda que a felicidade para os dois é libertarem-se um do outro. Contudo, quem queremos enganar... sabemos que isso não vai acontecer. 

Nota do Crítico
Ruim

After - Depois da Promessa

After: Ever Happy

Ano: 2022

Onde assistir:
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