After: Depois do Desencontro

Créditos da imagem: (Diamond Filmes/Divulgação)

Filmes

Crítica

After: Depois do Desencontro só reforça todos os problemas da franquia

Terceira parte da adaptação tenta mostrar amadurecimento, mas falha na missão

Omelete
4 min de leitura
10.01.2022, às 11H32.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H47

O ano era 2014 e Anna Todd, autora da série de livros After, começou sua carreira escrevendo fanfics no Wattpad. Suas histórias misturavam pessoas reais (no caso dela, os músicos da boy band One Direction) com situações fictícias, oferecendo material para um universo que é vasto e tratado com paixão por seus seguidores. Fanfics com pessoas reais frequentemente trabalham com fantasia sexual, e Anna foi afetada, claramente, pelo momento em que os personagens da Saga Crepúsculo e os de 50 Tons de Cinza (lançado apenas dois anos antes de After) pairavam no imaginário coletivo. Esses códigos estão evidentes em tudo que cerca a série After

No primeiro filme a ideia era captar o público adolescente. Tessa (Josephine Langford) funciona na história exatamente como a Bella de Crepúsculo: uma menina desajeitada, tímida, deslocada, que deixa a própria vida girar em torno de um menino inicialmente inalcançável. Hardin (Hero Fiennes-Tiffin) só não é vampiro. Apesar dos personagens estarem na faculdade no primeiro longa, todos se comportam como adolescentes e a história é a mais velha da humanidade: sabemos que Tessa vai conseguir domar o garoto inalcançável, mas que ele vai dificultar as coisas sendo babaca só no comecinho.

No filme seguinte, After: Depois da Verdade, Anna Todd fez questão de corrigir o curso, para que a história se tornasse mais adulta. Assim, 50 Tons de Cinza entrou na pauta e Hardin é o homem sexualizado, sombrio, que a história tenta justificar com um passado traumático. Tessa e ele fazem sexo algumas vezes, com uma trilha sonora pop, sem acessórios de tortura, mas pautados pela urgência, sem preliminares, como se aquele fosse o segredo de uma paixão bem sucedida. Por alguma razão, Stephenie Meyer, E.L. James e Anna Todd acham que uma mulher nunca pode desistir de um homem tóxico, porque todos eles podem ser redimidos, desde que você dedique sua vida a eles.

Depois do Desencontro Tem Mais Desencontro

Se nos dois primeiros filmes o roteiro já não tem muito para oferecer, em After: Depois do Desencontro, ele é quase inexistente. Toda a condução da história é bastante estranha, aliás. O filme começa com um flashback mostrando como os pais de Tessa se separaram; e Mira Sorvino, que vive a mãe da protagonista, tem o tempo de tela de um figurante. A cena seguinte já mostra Tessa imediatamente lidando com a volta do pai, sem nenhum tipo de transição. O tom do filme está dado: sem maiores acontecimentos envolvendo o casal (que segundo a lógica da autora só pode ficar junto, transar, se separar e ficar junto de novo), o roteiro vai buscar as famílias deles como sustentação.

Com trocas de elenco por conta da pandemia e Anna Todd afastada das sequências por conflitos com estúdio, After: Depois do Desencontro, soa isso aí mesmo: desencontrado. É evidente que nem tudo é culpa dos travamentos de produção, mas também da natureza frágil da história que Anna está contando há anos. A prova disso é que o horizonte dramático da série é tão limitado que as “surpresas” finais não têm um só milímetro de originalidade. No primeiro filme Hardin se inspira em Ligações Perigosas para fazer uma aposta para que Tessa se apaixonasse por ele. No segundo a chorumela das traições continua; e no terceiro, o roteiro tem a cara-de-pau de revelar uma paternidade como se aquela fosse a maior das surpresas.

Mal escrito, mal editado, cheio de sequências sexuais que funcionam como muletas e atuações dignas de uma novela diurna americana, After: Depois do Desencontro ao menos diminui a misoginia dos filmes anteriores, que tinham personagens femininas em constante competição e personagens masculinos oscilando entre os “legais solitários” e os “bad boys perseguidos”. A trama do terceiro, contudo, não tem absolutamente nenhuma consistência, nenhum senso de humor e só usa diálogos ruins para ocupar o tempo entre uma transa e outra.

Mas, é necessário admitir que o futuro da saga pode ser longo. Há muitos livros para cobrir e muita gente disposta a considerar essas relações bizarras como base para o sonho de uma vida. Esse seria um bom momento para uma paródia iluminadora, que tivesse coragem de expôr toda essa histeria e que fosse chamada, convenientemente, de After: Depois de After.

Nota do Crítico
Ruim
After - Depois do Desencontro
After We Fell
After - Depois do Desencontro
After We Fell

Ano: 2021

País: Estados Unidos

Classificação: 16 anos

Duração: 98 minutos min

Direção: Castille Landon

Roteiro: Sharon Shaks

Elenco: Hero Fiennes-Tiffin, Josephine Langford

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