Apesar de sermos amplamente dominados pelo cinema feito nos Estados Unidos, recebemos aqui no Brasil algumas produções feitas também em outros territórios. São poucas, perto do que é realizado no mundo inteiro, mas já nos ajudam a respirar ares diferentes, experimentar novos sabores e aromas. Um destes casos que passou por aqui e fez enorme sucesso foi o francês Os Intocáveis (Intouchables, 2011), de Olivier Nakache e Éric Toledano. Além de bater recordes de bilheteria na França e no mundo, o longa-metragem também atraiu mais de um milhão de pessoas aos cinemas brasileiros.
Os produtores de Hollywood, cada vez mais acomodados e dispostos a apostar apenas no que já foi testado, compraram os direitos para adaptar a história baseada em fatos. Vemos, então, ser transportada de Paris para Nova York a amizade entre um homem riquíssimo e tetraplégico e seu novo cuidador, que vem da periferia da cidade, já cumpriu pena por roubo e só queria uma assinatura que provasse que ele está tentando arrumar um emprego, quando sem querer acaba conseguindo um.
Apesar de ser a pessoa menos experiente para assumir o cargo de cuidador de Phillip (Bryan Cranston), Dell (Kevin Hart) ganha sua chance justamente por mostrar que não sente pena de seu chefe por ele ser um cadeirante e o trata com igualdade. Embora diametralmente opostos em praticamente tudo, os dois acabam se dando bem e vão, obviamente, aprendendo um com o outro até que algo acontece e coloca a relação dos dois em xeque.
Ao contrário de várias outras adaptações que já vimos por aí, Amigos Para Sempre se esforça para se atualizar, mudar um pouco da história e trazer alguma novidade para quem conhece o original. Não é apenas uma refilmagem quadro a quadro, como aconteceu, por exemplo com o espanhol [REC] e o argentino Nove Rainhas. A personagem de Nicole Kidman é um bom exemplo desta busca por algo novo - a atriz está muito bem como a assistente pessoal de Phillip, mas a forma dura como sua Yvonne Pendleton trata Dell no início acaba esvaziando os ataques de nervosismo do bilionário.
Outra mudança bem grande é Lily, a paixão epistolar vivida por Julianna Margulies. No filme original, ela não aparece até a cena final. Aqui, ela vem antes e ajuda a dar profundidade aos sentimentos de Phillip. É uma troca que reforça a amizade incondicional de Dell e Yvonne a Phillip.
Mas apesar de uma boa atuação também de Bryan Cranston, é Kevin Hart quem ganha o filme. Dell é debochado e carinhoso na medida certa. Não só com Phillip, mas também com sua família. Quem se acostumou a ver recentemente Hart como o parceiro histérico de The Rock vai ter uma bela surpresa. E quem não assistiu ao filme original pode aproveitar e fazer uma sessão dupla. Além de fazer o “jogo da memória” de ver o que é igual e o que ficou diferente, não faz mal algum ver uma história que mostra uma relação de amizade que quebra várias barreiras.
Ano: 2018
País: Estados Unidos
Classificação: 14 anos
Duração: 111 min
Direção: Neil Burger
Elenco: Bryan Cranston, Kevin Hart, Nicole Kidman