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Amy | Crítica

Documentário celebra qualidades de Amy Winehouse sem esconder seus problemas com drogas e bebidas

23.07.2015, às 15H21.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H24

Em determinado momento de sua curta vida, Amy Winehouse tinha vários sites dedicados a ela - a maioria era de fãs celebrando os bons momentos da sua carreira, seus próximos shows e fotos. Mas um deles fazia a "brincadeira" de apostar no dia da sua morte. Afinal, era realmente questão de tempo, como se pode ver em Amy, documentário dirigido por Asif Kapadia

O diretor, que já havia feito Senna, novamente mostra a história de um ídolo que foi embora cedo e deixou muitos fãs por aqui. O documentário estreou com enorme sucesso no Reino Unido, tornando-se a segunda maior estreia do gênero, atrás apenas do bombado Fahrenheit 9/11, de Michael Moore. Pessoas de todas as idades - e gostos musicais - lotaram os cinemas para se lembrar ou conhecer um pouco mais da jovem que cantou que não iria para a clínica de reabilitação.

O processo todo de captação de depoimentos levou cerca de dois anos. Foi o tempo necessário para Kapadia e sua equipe ganharem a confiança dos mais de 100 entrevistados - amigos, ex-namorados, familiares e pessoas da indústria da música - e mostrar que o filme celebraria uma última vez a grande cantora que ela foi. As conversas são mostradas apenas em formato de áudio, sempre em cima de cenas de arquivo da cantora ou de Londres, resultado também de um minucioso trabalho de edição de vídeos feitos por amigos, estúdios e shows por onde ela passou. Assim, podemos ver Amy ainda jovem ao lado de suas amigas de infância e adolescência, antes da fama, a assinatura de seu contrato com a gravadora, o caminho para os primeiros shows e, claro, muita música.

Ao descobrir que Amy era a letrista de suas canções, o diretor optou por ir contando sua história através delas, contextualizado as letras e estampando-as na telona enquanto ela ia cantando. O efeito, além de plasticamente bonito, acentua os sentimentos e incertezas daquela garota de ascendência judaica que nunca teve os pais por perto enquanto crescia.

Apesar do espaço dado, o pai já se disse insatisfeito com o que ele julga ser uma “vilanização” de sua pessoa e promete a “versão verdadeira da história". Outro "vilão" é o ex-marido Blake Fielder-Civil, que a levou ao mundo das drogas mais pesadas, como heroína e crack. Curioso notar que ambos são citados nos versos de “Rehab”. O pai disse que ela poderia voltar para casa sem ficar internada ["My dad thinks I am fine" (Meu pai acha que eu estou bem)], enquanto Blake é citado em algumas versões ao vivo [I’d rather be at home with Ray/Blake (eu prefiro ficar em casa com Ray/Blake], substituindo Ray Charles.

O documentário, apesar de mostrar as habilidades ímpares de Amy, não a coloca no pedestal, nem a mostra como santa. Todas as passagem mais pesadas que vieram com o sucesso, as más companhias e a falta de preparo que viraram capa dos tabloides assim como cancelamento de shows, confusões em pubs e nas quais ela mal conseguia ficar em pé - são mostradas, mas também justificadas. O filme traz depoimentos de uma Amy pós-adolescente explicando problemas com depressão, bulimia, sua vontade de sair de casa para poder fumar maconha a hora que quisesse, mostrando que sua válvula de escape deste mundo sombrio era a música.

Nota do Crítico
Ótimo
Amy (2015)
Amy
Amy (2015)
Amy

Ano: 2015

País: Reino Unido

Classificação: LIVRE

Duração: 110 min

Direção: Asif Kapadia

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