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Behind the Candelabra | Crítica

Meio Boogie Nights, meio Longe do Paraíso, filme de Steven Soderbergh tira Liberace do armário

28.09.2013, às 11H56.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H33

Behind the Candelabra surgiu como um projeto de cinema, e só se tornou realidade na televisão porque ninguém se dispôs a bancar o filme na telona. Ao assistir ao longa de Steven Soderbergh sobre Liberace - especificamente, sobre os esforços do pianista para esconder sua homossexualidade publicamente - o que vem à cabeça são justamente outras obras no cinema, como Boogie Nights e Longe do Paraíso.

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De Boogie Nights, Soderbergh pega os três atos bem estruturados entre o fim dos anos 70 e o início dos 80: o começo romantizado, depois a ruína física, depois o desfecho desiludido. Dos filmes de Todd Haynes vem a fotografia luminosa que parece envolver os personagens em sonho; particularmente em Longe do Paraíso, esse sonho se revela um faz-de-conta. As relações de poder em uma família "tradicional" e o sexo gay como motivo de vergonha, temas de Longe do Paraíso, também estão em Behind the Candelabra.

Porque, em resumo, o papel que cabe a Matt Damon no filme é o da Julianne Moore da vez, a mulher-do-bandido. Não por acaso, sempre que brigam, Liberace (Michael Douglas, impecável) repete para seu namorado Scott Thorson (Damon) que precisa trabalhar, manter a casa - ele não pode ser aborrecido com essas coisas de marido e mulher, enfim. Por mais que estejamos no terreno das excentricidades, dos pianos e dos candelabros, a homossexualidade do ponto de vista de Scott é natural como qualquer afeto. É Liberace quem enxerga tudo de forma hierarquizada, e desde o começo do filme ninguém pode dizer que foi enganado.

Soderbergh filma com particular tensão a aproximação entre Liberace e Scott, como um flerte mecanizado, para pontuar a relação de poder que se estabelece. O poodle late ao fundo enquanto Scott conta sua historia de vida ao pianista. Depois o barulho da banheira não permite uma intimidade. É como se a casa das máquinas - neste caso uma imagem mais apropriada talvez fosse a dos peões ocultos na coxia de um teatro - fizesse todo o trabalho; só cabe aos atores performar no papel que lhes foi dado. E que casa das máquinas esplendorosa tem a "rainha" Liberace, com todos aqueles brilhos e espelhos.

Assim como no seu recente Terapia de Risco, Soderbergh usa bastante o foco no primeiro plano para isolar os protagonistas do contexto. O cenário no fundo fica frequentemente embaçado, o que traz mais adiante os atores e os expõe mais. Em Behind the Candelabra, essa exposição tem uma razão bastante clara: condenar o isolamento autoimposto de Liberace, que como Rock Hudson teve sua orientação sexual exposta na mídia em decorrência da AIDS.

"Não é nossa função mudar o mundo", diz o pianista para um grupo de jovens músicos. Soderbergh parece discordar, e ao filmar tudo que envolve Liberace de forma a acentuar a irrealidade e o teatro do dia a dia da diva, ele se posiciona de forma elegante contra o biografado. Vão-se os anéis, mas ficam os dedos, literalmente.

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Nota do Crítico
Ótimo
Behind the Candelabra
Behind the Candelabra
Behind the Candelabra
Behind the Candelabra

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 118 min

Direção: Steven Soderbergh

Elenco: Michael Douglas, Matt Damon, Rob Lowe, Dan Aykroyd, Scott Bakula, Debbie Reynolds, Cheyenne Jackson, Paul Reiser, Boyd Holbrook, Nicky Katt, Eddie Jemison, Mike O'Malley, Josh Meyers, David Koechner

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