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Caçadores de Obras-Primas | Crítica

Solene e memorialista, George Clooney decepciona quem espera um Onze Homens e um Segredo na Segunda Guerra

13.02.2014, às 15H10.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Caçadores de Obras-Primas (Monuments Men) começa alimentando o déjà vu. George Clooney e Matt Damon lideram um grupo marginal de pessoas, num plano mirabolante: desta vez, recuperar obras de arte roubadas pelos nazistas. A montagem rápida de cenas na escalação da eclética equipe (Bill Murray, John Goodman e Jean Dujardin entre os integrantes) é finalizada com a imagem da maquete de um Museu de Hitler (nos filmes de assalto seria como a clássica planta do local a invadir, do golpe a ser executado).

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Este início deixa claro que o roteirista/diretor Clooney está jogando conscientemente com a memória imediata das pessoas para sugerir que Caçadores de Obras-Primas seria como um Onze Homens e um Segredo na Segunda Guerra Mundial. Não é o que nos entregam, porém. Falta ao filme a aventura e a malícia da cinessérie de Steven Soderbergh e sobram boas intenções. Clooney termina flertando mais com os filmes de guerra solenes de Steven Spielberg - trilha à moda John Williams, fusões, sentidos atribuídos na narração em off, aspirações fordianas - do que propriamente com os thrillers ambíguos que são sua especialidade.

"Agora fiquei deprimido", diz o britânico do grupo depois de um dos discursos motivacionais do personagem de Clooney. O que vemos em Caçadores de Obras-Primas é mais um filme-memorial, uma tour póstuma em meio a muitos destroços - a começar pelo desembarque na Normandia em julho de 1944, um mês depois do histórico Dia D - e pouco espólio de fato, o que dá aos personagens principais muitos minutos de sobra para refletir sobre as consequências da guerra, enquanto olham embasbacados, em close-up, a cada pintura renascentista recuperada.

A impressão que fica é que Clooney não está necessariamente disposto a fazer um filme moral, mas antes a embalar a História e conservá-la segura, como uma tela guardada num acervo. Assim como não se discute o que é arte em Caçadores de Obras-Primas (o especialista identifica uma tela legítima não pela pintura em si, mas pelo selo do colecionador, sua identidade de mercado), a guerra e seus fatores também surgem no filme como dados prontos e imutáveis (o vilão nunca se renderá no interrogatório, o mocinho nunca vai trair a esposa etc).

Há muito o que lamentar no Holocausto, sem dúvida. Mas ao escolher o caminho da museulogia, Clooney conta uma história fascinante da forma mais óbvia - e francamente aborrecida - possível.

Caçadores de Obras-Primas | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular
Caçadores de Obras-Primas
The Monument Men
Caçadores de Obras-Primas
The Monument Men

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 119 min

Direção: George Clooney

Elenco: Matt Damon, Cate Blanchett, George Clooney, Bill Murray, John Goodman, Hugh Bonneville, Jean Dujardin, Bob Balaban, Holger Handtke, Dimitri Leonidas, Justus von Dohnányi, Zahary Baharov, Sam Hazeldine, Diarmaid Murtagh, Serge Hazanavicius, Udo Kroschwald, Grant Heslov, Michael Brandner, Alexandre Desplat, Luc Feit, Claudia Geisler

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