As esculturas romanas que ilustram os créditos de abertura de Call Me By Your Name abrem caminho para os dois sentimentos que iniciam o filme do italiano Luca Guadagnino: desejo e admiração. É assim que Elio (Timothée Chalamet) observa a chegada de Olivier (Armie Hammer), o novo assistente de seu pai (Michael Stuhlbarg), na casa da família na Itália, no verão de 1983.
A câmera acompanha o olhar de Elio, fazendo de Hammer o homem perfeito. Sua voz imponente e seu inglês articulado completam o retrato idealizado, como se ele fosse uma fantasia trazida à vida. Guadagnino torna desejo e curiosidade sinônimos, estudando cada movimento de Olivier, cada investida de Elio para desbravar a puberdade.
Em nenhum momento esse desejo é considerado proibido. Nascido em uma casa multicultural, que fala sem engasgar em inglês, francês, italiano e alemão e celebra sem discriminar tradições judaicas e cristãs, Elio vê o mundo como uma mistura de tudo. Daí a fluidez no despertar da sua sexualidade, sem rótulos a serem questionados, apenas a urgência para satisfazê-la.
Ainda que Olivier seja uma figura idealizada, sua relação com Elio não é. Tudo acontece de forma desengonçada, como a própria adolescência caminha torta para a vida adulta, sem saber direito o que está fazendo. É o que dá ao roteiro de James Ivory (adaptando o romance de André Aciman) uma verdade rara, que ri dos jogos de sedução, mas não os despreza.
Call Me By Your Name equilibra boas atuações, roteiro sincero e uma câmera precisa para contar uma jornada de amadurecimento espontânea, que fala de sexo com naturalidade, sendo erótico e ao mesmo tempo corriqueiro. Sexo é uma parte da vida, que pode ser simples ou complicada, com ou sem consequências, mas nenhum desejo é satisfeito sem antes ser vivido.
Ano: 2017
País: Itália, França, EUA, Brasil
Classificação: 14 anos
Duração: 130 min
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: Luca Guadagnino, James Ivory, Walter Fasano
Elenco: Armie Hammer, Timothee Chalamet, Amira Casar