Carga Máxima

Créditos da imagem: Netflix/Divulgação

Filmes

Crítica

Divertido, Carga Máxima acelera demais para o próprio bem

Filme nacional da Netflix dura o tempo de uma dose modesta de adrenalina

Omelete
3 min de leitura
27.09.2023, às 14H42.
Atualizada em 27.09.2023, ÀS 14H57

Primeiro filme de ação nacional da Netflix, Carga Máxima poderia facilmente afastar seu público pela comparação natural a Velozes e Furiosos. Afinal, o longa de Tomas Portella se aproveita da união entre alta velocidade e filme de assalto que revitalizou a franquia americana para criar seu próprio anti-herói viciado em adrenalina. Aqui, no entanto, a brasilidade presente nas interações, gírias e sotaques dá à receita um tempero único.

O começo de Carga Máxima simboliza perfeitamente o ritmo e a profundidade que o filme propõe. Em menos de 15 minutos, Roger (Thiago Martins), um talentoso piloto de corridas de caminhão, sofre uma tragédia pessoal, vê sua equipe perder seu principal patrocinador e, coberto de dívidas, começa a usar suas habilidades no volante para sequestrar caminhões de carga. Luto, raiva, felicidade, alívio… Não são poucas as emoções pelas quais o protagonista passa nestes instantes iniciais do longa, que trata a velocidade como seu valor primeiro; o espectador passa o primeiro ato sendo jogado de um acontecimento para outro sem demora na explicação.

O roteiro de Leandro Soares considera tudo à margem da trama central — o envolvimento de Roger com o crime e suas vitórias na pista — como supérfluo. Relações se formam e se rompem sem mais nem menos, conflitos são esquecidos entre uma cena e outra e alguns acontecimentos importantes para o piloto passam sem que seu impacto emocional seja devidamente explorado. Em Carga Máxima, nada que não aconteça acima dos 150km/h importa e são apenas respiros entre ultrapassagens e assaltos. O filme encontra uma forma de seguir de forma divertida, ainda que com pressa.

Grande parte da diversão aqui está nos papéis de Evandro Mesquita e Milhem Cortaz. Vivendo o bicheiro Odilon, o vocalista da Blitz entrega uma atuação igualmente hilária e ameaçadora, com uma simpatia que ecoa seu icônico Paulão de A Grande Família. Seguindo a mesma linha, Cortaz dá ao desequilibrado traficante Fumaça trejeitos cômicos e até atraentes, mas que disfarçam o comportamento violento e vingativo que eventualmente vem à tona na segunda metade do filme.

Com a tela sendo dominada pelos antagonistas, sobra pouco espaço para o restante do elenco mostrar algo além do básico. Tanto Sheron Menezzes quanto Raphael Logam quase desaparecem dentro da edição acelerada do filme. Felizmente, Martins mostra talento o bastante para carregar suas cenas sem grandes sustos e garante a Carga Máxima um protagonista cativante e que se encaixa perfeitamente no tom pipoca buscado pelo filme.

A direção das cenas de ação também mantém a adrenalina em alta por quase todo o longa. Portella consegue deixar cada curva e mudança de marcha tão emocionante quanto os tiroteios em alta velocidade, deixando a produção extremamente tensa do começo ao fim. A a montagem que narra as façanhas de Roger nas pistas e no crime pode não ser nenhuma inovação cinematográfica, mas torna Carga Máxima um filme ágil e agradável de assistir.

Menos genérico do que suas prévias e sinopses deram a entender, Carga Máxima poderia ser melhor se desse tempo para que seus personagens e relações fossem construídos com mais calma. A brasilidade cômica trazida pelo roteiro, no entanto, dá um carisma especial para o longa, que em momento algum fica entediante.

Nota do Crítico
Bom
Carga Máxima
Carga Máxima

Ano: 2022

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 107 min

Direção: Tomas Portella

Roteiro: Leandro Soares

Elenco: Thiago Martins, Sheron Menezzes, Evandro Mesquita

Onde assistir:
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