Scarlett Johansson adoça corrida espacial com romance em Como Vender a Lua

Créditos da imagem: Warner Bros./Divulgação

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Crítica

Scarlett Johansson adoça corrida espacial com romance em Como Vender a Lua

Momento histórico da humanidade vira palco de comédia romântica e conspirações

Omelete
3 min de leitura
11.07.2024, às 17H07.

Enquanto a corrida espacial tomava as atenções da Guerra Fria nos anos 1960, o período assistiu a uma mudança de costumes nos EUA que deixou mais aguda a chamada guerra dos sexos, como o aumento do número de divórcios e a maior presença das mulheres no mercado de trabalho. É de olho nessa encruzilhada histórica que o filme Como Vender a Lua ambienta sua comédia romântica tendo o pouso do homem na Lua como pano de fundo.

São os anos em que Doris Day e Rock Hudson estrelavam suas comédias românticas sobre casais que iam de inimigos a amantes, um dos formatos mais atemporais dentro do gênero. O papel da mulher decidida e cheia de personalidade é feito agora por Scarlett Johansson. A atriz indicada ao Oscar incorpora Don Draper para viver a implacável Kelly Jones, marqueteira convocada pela CIA para ajudar a NASA a recuperar o prestígio perante público e políticos para que o projeto da Apollo 11 não morra na praia do Cabo Canaveral. Seu maior obstáculo surge na pele de Cole Davis (Channing Tatum), diretor responsável pelo lançamento do foguete que sempre coloca a ciência à frente dos interesses corporativos.

Se aproveitar de fatos históricos para criar uma história de amor não é novidade. James Cameron eternizou o casal Jack e Rose com a sua própria releitura do naufrágio do Titanic e fez o romance entre os dois ser tão - ou mais - marcante do que a tragédia. Em Como Vender a Lua, o diretor Greg Berlanti minimiza as dificuldades enfrentadas pela NASA na corrida espacial real, para dar substância ao romance entre a marqueteira e o oficial - a verdadeira história que interessa ao filme contar.

Nas comédias românticas de guerra dos sexos, é comum ressaltar traços antagônicos de personalidade para sugerir que, enfim, os opostos se atraem. Se Kelly Jones entra com a mordacidade e a esperteza da mulher emancipada, cabe a Cole Davis fazer o homem à moda antiga, de moral inabalável. Berlanti busca essa química e a valoriza acima da narrativa da corrida espacial. Ainda assim, o roteiro se permite uma indulgência histórica, que é reabilitar a teoria da conspiração de que o governo americano falsificou a viagem à Lua para vencer os soviéticos na corrida.

O roteiro de Rose Gilroy pega essa dúvida e a extrapola para que Como Vender a Lua crie uma “versão alternativa” dos eventos. O efeito é obviamente lúdico - ainda mais por se tratar de uma comédia romântica de época, com todas as licenças poéticas que os “swinging sixties” permitem - mas ao mesmo tempo arrisca tirar a atenção da dinâmica do casal. É claro que uma comédia romântica não precisa ser fiel a fatos para que sua história seja crível, mas Como Vender a Lua flerta com o desastre quando convida a dúvida e se distancia do que se consideraria um relato “autêntico” da corrida espacial. Ainda bem que Scarlett Johansson tem talento e carisma suficientes para adoçar uma história que, sem seu sorriso irônico, poderia ser interpretada como mero material para conspiracionistas.

Nota do Crítico
Regular
Como Vender a Lua
Fly Me to the Moon
Como Vender a Lua
Fly Me to the Moon

Ano: 2024

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 2h12 min

Direção: Greg Berlanti

Elenco: Woody Harrelson, Ray Romano, Scarlett Johansson, Jim Rash, Channing Tatum

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