Imagem promocional de A Família Addams/Universal Pictures

Créditos da imagem: Universal Pictures/Divulgação

Filmes

Crítica

A Família Addams

Humor inocente diverte, mas mensagem sobre identidade é entregue de maneira corrida em história sem vida

Omelete
3 min de leitura
30.10.2019, às 20H15.
Atualizada em 28.07.2022, ÀS 09H49

Inspirada nas tirinhas criadas por Charles Addams nos anos 1930, a franquia A Família Addams sempre se apoiou em um humor mórbido e trocadilhos irreverentes relacionados às normas comuns da sociedade, seja nos quadrinhos originais, na adaptação para a TV da década de 1960 ou nos filmes de 1991 e 1993. Na nova animação, que será lançada em 31 de outubro, a premissa que torna a estranha família uma marca popular com o público continua presente, apesar do gosto de prato requentado.

Introduzida com uma rápida história de origem, a trama mostra o casamente de Gomez (dublado na versão original por Oscar Isaac) e Mortícia (Charlize Theron) e sua rápida fuga após aldeões amedrontados decidirem expulsá-los da cidade onde vivem. O momento serve apenas para (re)apresentar alguns personagens, como Vovó Addams (Bette Midler), Tio Chico (Nick Kroll) e o mordomo Tropeço (Conrad Vernon, que também dá voz ao espírito da casa).

A animação, que assustou fãs acostumados com as adaptações live-action, remete visualmente aos desenhos de Addams, mas os movimentos dos personagens digitais são aflitivos, com uma computação gráfica muito aquém do que um estúdio do tamanho da Universal é capaz de produzir. Os problemas da animação ficam ainda mais visíveis no final do segundo ato, quando a família dança durante uma festa na mansão mal-assombrada, fazendo com que alguns personagens pareçam bonecos de borracha.

A história, centrada em Wandinha (Chloë Grace Moretz) querendo explorar a nova cidade construída no lugar do pântano da região e Feioso (Finn Wolfhard) precisando passar por uma espécie de bar-mitzvah para ser considerado oficialmente membro de sua família, é incapaz de cativar. O filme divide seus curtos 86 minutos mostrando os irmãos divididos entre expor suas identidades e se encaixar nos moldes de sua família, em uma história repetida tantas vezes nos últimos anos que chega a ser cansativo chamá-la de clichê. A obviedade da resolução de ambas as tramas é gritante e tornaria o longa tedioso se não fosse pela filha mais velha da família.

Wandinha é, assim como a versão interpretada por Christina Ricci nos anos 1990, o coração do filme. Sua crise de rebeldia adolescente, contrária à da maioria das crianças de sua idade, diverte. Ver a personagem usar um vestido rosa ou enfrentar, em seu primeiro dia de aula, a valentona da escola com sua expressão blasé será sempre capaz de arrancar um sorriso até do mais carrancudo espectador.

O humor, aliás, é o ponto de salvação de A Família Addams. Da capacidade musical de Tropeço aos (vários) trocadilhos de Gomez, a animação cria momentos legítimos de risada ao mostrar a maneira bizarra com que a família vê a sociedade. Os momentos mais divertidos são, aliás, os mais inocentes, como o quase afônico mordomo entoando uma canção do R.E.M. ou a boa referência a It: a Coisa feita no final do primeiro ato.

Apesar de sua história sem graça e da resolução previsível, A Família Addams encontra redenção em um roteiro com um humor típico da franquia que deve agradar tanto fãs antigos quanto crianças. Ainda assim, a animação é esquecível e depende de um bom desempenho de sua sequência, confirmada para 2021, para se tornar uma entrada digna no legado de Charles Addams.

Nota do Crítico
Regular
A Família Addams
The Addams Family
A Família Addams
The Addams Family

Ano: 2019

País: Estados Unidos

Direção: Conrad Vernon, Greg Tiernan

Roteiro: Matt Lieberman

Elenco: Oscar Isaac, Chloë Grace Moretz, Charlize Theron

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