Quantos filmes ambientados da Segunda Guerra você ainda aguenta assistir? Eu achava que tinha chegado ao meu limite quando em menos de uma semana vi Milagre em Sta. Anna, Um Ato de Liberdade e este Os Falsários (Die Fälscher, 2007). Em comum, os longa-metragens mantêm seus holofotes em minorias que tentam sobreviver aos nazistas. No primeiro, estamos falando dos negros estadunidenses e nos outros, sobre os grandes perseguidos: os judeus. Se a temática já chegou ao seu saturamento, não sou eu que vou dizer, mas é fato que a Academia de Cinema de Hollywood continua demonstrando a sua predileção, tanto é que premiou Os Falsários com o Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro de 2008.
A estatueta não é, de maneira alguma, injusta. Os Falsários é um bom filme, drama que carrega paralelos inegáveis com a obra-prima de Steven Spielberg, A Lista de Schindler. Não pela forma ou estética, mas pela história de uma pessoa que trabalha junto aos alemães e consegue salvar a vida dos que estavam ao seu lado. O protagonista aqui é Salomon Sorowitsch (Karl Markovics), um artista conhecido como "Sally", que prefere usar seu dom para criar dinheiro falso do que quadros. Seu lema é algo do tipo "Poderia pintar para ganhar dinheiro, mas por que fazer isso se posso fazer meu próprio dinheiro?"
Os Falsários
Os Falsários
Os Falsários
Acostumado à boa vida, Sally se descuida, vai preso e acaba em um campo de concentração. Seus dotes artísticos e sua perspicácia salvam sua vida quando ele se torna o retratista dos guardas da SS - em troca de alguma imunidade e um prato extra de comida. Mas com a guerra já em estágio avançado e os cofres alemães cada vez mais vazios, Sally é transferido para Sachsenhausen, onde vai liderar para os alemães um grupo de prisioneiros com especialidades que vão de química a fotografia e artes, na confeção de dinheiro falso. Primeiro a libra esterlina e depois o dólar.
Apesar de utilizar nomes fictícios, o filme é inspirado em fatos reais, contados no livro The Devil's Workshop, de Adolf Burger, um dos artistas que trabalhou nessas oficinas de falsificação. De acordo com os dados divulgados no filme, a "Operação Bernhard", como ficou conhecida, imprimiu 134 milhões de libras, o equivalente a três vezes a reserva dos cofres britânicos, o que certamente ajudou a enfraquecer a economia do Reino Unido, mas não mudou o rumo da guerra.
O que destaca o filme dirigido por Stefan Ruzowitzky de outros tantos que são produzidos anualmente, é que ele não se preocupa apenas em ficar mostrando como sofreram os judeus durante o holocausto. Ele usa seu trabalho também para mostrar o debate ético sobre o que era mais importante naquele momento: sobreviver, mesmo que para isso eles estivessem ajudando os nazistas e consequentemente trabalhando contra seu próprio povo; ou sabotar a operação e saber que vai pagar por isso?
O filme não responde a esta pergunta, mas ajuda a solucionar a questão inicial. Ainda dá, sim, para assistir a mais filmes sobre a Segunda Guerra, desde que as histórias sejam boas e, principalmente, bem contadas.
Saiba onde o filme está passando
Ano: 2007
País: Áustria/Alemanha
Classificação: 14 anos
Duração: 98 min
Direção: Stefan Ruzowitzky
Elenco: Karl Markovics, August Diehl, Devid Striesow, Martin Brambach, August Zirner, Veit Stübner, Sebastian Urzendowsky, Andreas Schmidt, Tilo Prückner, Lenn Kudrjawizki, Marie Bäumer, Arndt Schwering-Sohnrey, Dolores Chaplin