Ninguém aguenta mais o sub-gênero das comédias de troca de corpos, aquele em que duas pessoas passam a habitar o corpo uma da outra, passando, assim, a valorizar o seu próprio cotidiano. São tantos filmes com essa temática que, quando Eu Queria Ter a sua Vida (The Change-Up) foi anunciado, de cara eu já não gostei.
Eu Queria Ter a sua Vida
Eu Queria Ter a sua Vida
Eu Queria Ter a sua Vida
Pois a expectativa zero ajuda - e muito - ao filme. Não demora para que se perceba que, mais do que uma comédia desse tipo, o filme é uma paródia adulta às situações da troca de corpos clássica. David Dobkin (Penetras Bons de Bico), o diretor, faz uma espécie de Se Beber Não Case (os roteiristas são os mesmos) com essa premissa - algo totalmente inesperado depois de vermos (duas vezes) até o bom-moço Tony Ramos encarando filmes assim.
Eu Queria Ter a sua Vida é errado do começo ao fim. Mergulha fundo na escatologia e situações sexuais, ignora qualquer coerência de roteiro e faz piadas extremamente baixas. É tão sem-vergonha que acaba funcionando... e no caminho entrega até algumas boas frases, como o mote da personagem de Olivia Wilde (difícil não se relacionar com "não fomos colocados nessa vida para comer, reproduzir e morrer"). Até o artifício mágico da troca é nojento: uma urinada conjunta em uma fonte, em que os personagens principais, bêbados, "cruzam os feixes", em uma referência divertida a Caça-Fantasmas.
Ryan Reynolds (Lanterna Verde) e Jason Bateman (Quero Matar meu Chefe) estão muito bem nos papeis principais. O primeiro é um mulherengo incurável. O outro, um pai de família lotado de responsabilidades. A troca de personagens, quando acontece, equilibra bem as situações inusitadas e os pequenos maneirismos de cada um, mostrando que Reynolds e Bateman se conhecem suficientemente bem para caçoar um do outro. Ótima também está Leslie Mann como a esposa do personagem de Bateman, ainda mais surtada do que o habitual que conhecemos dela dos filmes do marido, Judd Apatow.
A trama, claro, mais uma vez aborda o tema recorrente no cinema do adulto infantilizado, mas o faz sem preconceitos, adicionando à mistura uma discussão interessante sobre a liberdade dentro de um relacionamento estável (para Dave, o paraíso é poder evacuar em paz e se masturbar à vontade). Ambos os lados têm suas vantagens e desvantagens - e prova que, no final, estamos todos é mesmo ferrados. O roteiro, porém, erra bastante a mão ao fechar aos poucos sua torneira de besteirol e entregar um previsível e careta clímax.
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Eu Queria ter a sua Vida | Cinemas e horários
Ano: 2011
País: EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 112 min
Direção: David Dobkin
Elenco: Olivia Wilde, Ryan Reynolds, Jason Bateman, Leslie Mann, Mircea Monroe, Alan Arkin, TJ Hassan, Gregory Itzin, Ned Schmidtke, Ming Lo, Sydney Rouviere, Craig Bierko, Dax Griffin, Andrea Moore, Matt Cornwell, Taaffe O'Connell