Os Caça-Fantasmas: Apocalipse de Gelo (Divulgação)

Créditos da imagem: Os Caça-Fantasmas: Apocalipse de Gelo (Divulgação)

Filmes

Crítica

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo coloca franquia na geladeira

Necessidade de trazer de volta elenco clássico atrapalha série de caminhar rumo ao futuro

Omelete
3 min de leitura
09.08.2024, às 19H51.

Poucas são as franquias cujo faturamento ultrapassa a barreira do bilhão de dólares, e que chegam aos 40 anos preservando parte do elenco e sua equipe criativa. Caça-Fantasmas - ou Ghostbusters, como agora a série de filmes é designada em português, parte da uniformização da sua marca - está nesse grupo seleto. Depois do filme das Caça-Fantasmas mulheres a franquia se assenta no apelo familiar da nostalgia e chega à marca do bilhão e cinco longas-metragens apostando que sua força está nessa preservação.

Nessa conta é importante constar o desenho animado que teve 140 episódios entre 1986 e 1991 (e tinha o fantasma "Geléia" como parte da equipe), porque se hoje a franquia dobra a aposta no nicho nostálgico isso tem a ver com a formação do seu público. Os adolescentes daquela época cresceram e agora conseguem comprar com seu próprio dinheiro coleções de Lego, Funko e Playmobil de Egon Spengler, Peter Venkman, Ray Stantz e Winston Zeddemore.

Como produto e narrativa, porém, Caça-Fantasmas só vai continuar existindo e faturando se conseguir renovar seu público. Não foi à toa que o filme anterior, Ghostbusters - Mais Além (2021), tratava de colocar em cena um novo elenco de caçadores paranormais enquanto cruzava os feixes de luz para segurar o público mais antigo. O elenco clássico é mencionado, mas aparece apenas em um momento específico, enquanto as traquitanas (mochila de prótons, a armadilha e o veículo Ecto-1) e até os fantasmas do original eram trazidos de volta à vida.

Funcionou bem como reinício, na linha segura de reboot/continuação que no mesmo período se provou exitoso para Jurassic World nas bilheterias. Os jovens Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe Spengler (McKenna Grace), netos do caça-fantasma original Egon, mostraram carisma para atrair os jovens de hoje, enquanto Paul Rudd chama atenção dos fãs do MCU e das comédias de Judd Apatow. A direção zelosa de Jason Reitman, filho do co-criador Ivan Reitman (1946-2022), cuidava do resto com a ajuda do pai, que assinou a produção e deu o seu selo de aprovação diante do fandom.

Porém, agora é Jason que assume a cadeira de produtor, deixando para Gil Kenan (corroteirista do filme anterior) o trabalho de dirigir Ghostbusters: Apocalipse de Gelo. Na trama, os Spengler deixam para trás a fazenda do avô e se mudam para Manhattan, mais especificamente ao quartel-general original do grupo, que agora é parte do conglomerado de Zeddemore (Ernie Hudson). Stantz (Dan Aykroyd) virou um YouTuber especializado em paranormalidades e Venkman apenas aparece quando Bill Murray quer.

Esta "obrigatoriedade" do filme em trazer de volta o elenco original coloca a própria narrativa em risco porque tem que inventar desculpas para ter Podcast (Logan Kim) e Lucky (Celeste O'Connor) também em Manhattan - e em papéis mais secundários que no longa anterior. Uma boa novidade é a participação de Kumail Nanjiani, que desencadeia o tal fim do mundo congelante do título.

O resultado final não é ruim, mas acaba se perdendo em fórmulas. Como acontece nos bairros gentrificados, que vão trocando os cafés ou restaurantes familiares por grandes marcas, tudo ali é milimetricamente medido para que o resultado final não desagrade nenhuma demografia. A padronização deste Caça-Fantasmas — ou melhor, deste Ghostbusters — pode ter feito a série atingir sua marca histórica do bilhão, mas quando as novas ideias (aquelas que implicam uma boa dose de risco, ou pelo menos de ousadia) se tornarem meros fantasmas do passado, para quem eles vão ligar?

Nota do Crítico
Bom
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
Ghostbusters: Frozen Empire
Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
Ghostbusters: Frozen Empire

Ano: 2024

País: EUA

Direção: Gil Kenan

Elenco: Ernie Hudson, Bill Murray, Dan Aykroyd, Patton Oswalt, Finn Wolfhard, Paul Rudd

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