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Homens de preto II | Crítica

Homens de preto II - A verdade está nos Addams

12.07.2002, às 00H00.
Atualizada em 05.11.2016, ÀS 22H01

Vamos direto ao ponto. Os efeitos especiais são os mesmos. As piadas e as situações, parecidíssimas. As referências aos ícones de Nova York também são idênticas. Will Smith ainda é o agente J. Rip Torn ainda é o agente Z. Frank, o cachorro falante, ganha mais visibilidade. O diretor, mais uma vez, é Barry Sonnenfeld. O responsável pela maquiagem ainda é o impecável Rick Baker. É o mesmo Danny Elfman (autor do tema dos Simpsons) quem cuida da divertida orquestração. E até Tommy Lee Jones, com algumas manobras de roteiro, está de volta como o durão agente K.

 

Na volúvel indústria do cinema, cinco anos são mais que suficientes para que se crie um astro, se arrase um mito ou para que os gostos populares se reciclem. O caso de Homens de preto II (Men in Black II), porém, foge à regra. Aqui, "mais do mesmo" significa muito mais sucesso do mesmo sucesso. Filhote do hit brutal de 1997, que custou US$ 90 milhões e arrecadou US$ 587 milhões no mundo todo, a sequência praticamente reprisa o original. Na estréia nos Estados Unidos, feriado prolongado de 4 de Julho, por pouco a continuação não paga a sua produção (resultado parecidíssimo com o que obteve em 1997). Foram US$ 97 milhões de orçamento contra US$ 87 milhões em ingressos vendidos.

 

Claro, os produtores da Columbia/Sony festejam (leia mais aqui). Também festeja muito Lowell Cunningham, o criador das personagens de HQ, que, depois de rodar diversas editoras norte-americanas, encontrou abrigo em 1990, na Malibu Comics. Mas será que o filme deve ser festejado pelos fãs mais rigorosos? Até agora, toda essa correria e bilheteria deve-se à inércia provocada pelo "Selo MIB". Mas afinal, o produto final é tão bom quanto o original?

 

A história

 

Os misteriosos senhores engravatados, em seus carrões negros, responsáveis por apagar qualquer vestígio de alienígenas e de discos-voadores, figuram entre as dezenas de lendas urbanas que povoam o imaginário dos Estados Unidos desde os anos 50. A partir daí, Cunningham criou suas personagens - e daí parte também o enredo. Para resgatar o mito de forma engraçada (e também para zoar os Filmes B), MIB II retoma um episódio ocorrido na metade do século passado, através de uma estética kitsch, com direito a OVNIs suspensos por arames. Na ocasião, Laranna (Paige Brooks), a Rainha do Universo, pede ajuda aos MIB para manter na Terra a "Luz de Zartha", objeto de cobiça do terrível e destrutivo monstro Serleena. Com esforço, os Homens de Preto enganam Serleena e conseguem esconder a "Luz".

 

Em seguida, ocorre o salto temporal. Em 2002, já com um visual mais contemporâneo, modernizado, a trama sugere o retorno de Serleena (Lara Flynn Boyle, de Três Formas de Amar), desta vez na forma de uma sedutora modelo de lingeries. O monstro, sedento por vingança, toma o quartel-general dos Homens de Preto. Acuados, os agentes Z e J decidem tomar uma decisão drástica: trazer de volta a única pessoa que conhece o paradeiro da "Luz de Zartha", o Homem de Preto mais aclamado da organização, o agente K, aposentado no final do primeiro filme com o famoso "apagamento de memória" de um desneuralizador.

 

A crítica

 

Pronto. Com alguns remendos, fica esquematizado todo o caminho que consagrou o filme original: a química entre o blasé Jones e o histriônico Smith. MIB II não inova, nem promove uma revolução no conceito original, até mesmo a duração dos dois filmes é semelhante. Se por um lado isso garante uma matinê sossegada, por outro existe a arapuca: o primeiro filme é tão bom, tão surpreendente, que uma comparação derruba a seqüência.

 

Mesmo nos detalhes, que poderiam ter ajudado a continuação, MIB II não se sustenta. O desenvolvimento, apesar de intenso e ligeiro, não alcança o ritmo do original. O ator Johnny Knoxville (da série Jackass), no papel de um alien ajudante de Serleena, acaba mal aproveitado. Lara Flynn Boyle realmente é muito gostosa, mas sua personagem não empolga. E o restante dos vilões parecem apenas criados para rechear a versão do filme nos videogames. Mas existem as coisas boas, claro. E não pretendo estragar todas as surpresas. Diretor de A Família Addams (The Addams family, 1991) e A Família Addams 2 (Addams family values, 1993), Sonnenfeld sabe renovar seu arsenal de humor-negro e de gags espertas.

 

Mesmo assim, o filme poderia ter sido muito melhor se Sonnenfeld tivesse seguido o seu próprio exemplo. No caso dos Addams, mais do que novas piadas, o diretor aprofundou o desenvolvimento das personagens e conseguiu fazer da continuação um programa tão bom quanto o original.

Ironicamente, MIB 2 poderia virar um filmão se existisse um desneuralizador de verdade, ou algo que fizesse as pessoas esquecerem do primeiro Homens de Preto. Sem as comparações, o filme seria uma diversão de primeira.

Homens de Preto II
(MIIB - Men in Black II) EUA, 2002

Direção: Barry Sonnenfeld
Roteiro: Lowell Cunningham, Robert Gordon, Barry Fanaro e Jonathan Hales
Elenco: Tommy Lee Jones, Will Smith, Rip Torn, Rosario Dawson, Patrick Warburton, Lara Flynn Boyle, Paige Brooks, Michael Jackson, Johnny Knoxville.

Imagens © Columbia Pictures

Nota do Crítico
Regular
Homens de Preto 2
Men in Black 2
Homens de Preto 2
Men in Black 2

Ano: 2002

País: EUA

Classificação: 1 anos

Duração: 88 min

Direção: Barry Sonnenfeld

Elenco: Tommy Lee Jones, Will Smith, Rip Torn, Lara Flynn Boyle, Johnny Knoxville, Rosario Dawson, Tony Shalhoub, Patrick Warburton, Jack Kehler, David Cross, Colombe Jacobsen-Derstine, Peter Spellos, Michael Bailey Smith, Rick Baker, Michael Jackson, Doug Jones, Derek Mears, Michael Rivkin, Lenny Venito, Howard Spiegel, Alpheus Merchant, Joel McKinnon Miller, Jay Johnston

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