Filmes

Crítica

De Lovely - Vida e Amores de Cole Porter | Crítica

<i>De Lovely - Vida e Amores de Cole Porter</i>

02.12.2004, às 00H00.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 01H05

De Lovely - Vida e Amores de Cole Porter
De-Lovely
, 2004
EUA/Inglaterra
Drama/Musical - 125 min.

Direção: Irwin Winkler
Roteiro:
Jay Cocks

Elenco: Kevin Kline, Ashley Judd, Jonathan Pryce, Kevin McNally, Sandra Nelson, Allan Corduner, Peter Polycarpou, Keith Allen, James Wilby, Kevin McKidd, Richard Dillane

Parece aquelas homenagens do Faustão feitas para o artista chorar. Um diretor de teatro busca um Cole Porter (1892-1964) já idoso para, juntos, assistirem aos momentos mais importantes da carreira e da intimidade do compositor, montados num palco em forma de números musicais. Porter interfere na reconstituição, comenta, faz a autocrítica, se emociona. O diretor ao seu lado, vivido pelo ator Jonathan Pryce, tem a calvície e os traços sóbrios em comum com Irwin Winkler, o cineasta de De-Lovely - Vida e amores de Cole Porter (De-Lovely, 2004).

Essa manobra tem a intenção de emocionar, sim, como em toda biografia hollywoodiana. Mas traz embutida uma mensagem maior: ao colocar o seu alter-ego próximo de Porter - como numa sessão privada - Winkler diz de viés que não tem compromisso com ninguém além do próprio biografado. É como se declarasse: "Querem julgar o filme, criticar a minha opção pelo musical? Pois só tenho contas a prestar a Cole Porter".

O autor de "Night and Day" e "Ive Got You Under My Skin" simbolizava o glamour de uma era romântica que não existe mais. Essa ode a um dos grandes compositores da história dos EUA não poderia ser diferente de um musical produzidíssimo - e hoje não há gênero mais defasado do que musicais produzidos à moda antiga. Assim, Winkler meio que antecipa a sua defesa diante das ressalvas que o público possa vir a ter.

Isso não o exime, claro, das eventuais derrapadas. O cineasta escolhe um recorte específico da vida de Porter: a cumplicidade que mantém até a morte com a esposa Linda e a necessidade de resguardá-la da sua homossexualidade. Vivida por Ashley Judd, ela coloca a devoção ao marido acima de qualquer ciúme e de qualquer reprimenda. Toda estréia de um musical seu na Broadway vem seguido de um mimo de Linda. Porter (interpretação inspirada de Kevin Kline) se muda para Hollywood, por exemplo, quando ela se cansa da vida desregrada em Veneza. E quando ele perde os movimentos da perna depois de um acidente, é a mulher que mais sofre pela ameaça à carreira do marido.

Será que foi assim mesmo na vida real? Não importa muito, já que o cineasta opta abertamente por uma visão romanceada desse casamento platônico. Winkler se sai muito bem ao abordar Linda com sensibilidade. Mas pode ser acusado de não fornecer um retrato mais abrangente de Porter ou mesmo de diminuir a sua importância. Podem criticá-lo por enfiar Alanis Morissette e Robbie Williams em cena só para vender a trilha sonora. Winkler pode, aliás, ser acusado de outras coisas, como de ingenuidade, de prejudicar a dramaturgia em nome do espetáculo... mas é para rebater isso mesmo que aparece cauteloso - ou prepotente, dependendo do humor de quem vê - sentado durante todo o filme ao lado direito do velho Porter.

Nota do Crítico
Bom
De-Lovely - Vida e Amores de Cole Porter
De-Lovely
De-Lovely - Vida e Amores de Cole Porter
De-Lovely

Ano: 2004

País: EUA, Inglaterra

Classificação: 12 anos

Duração: 125 min

Direção: Irwin Winkler

Roteiro: Jay Cocks

Elenco: Kevin Kline, Ashley Judd, Jonathan Pryce, Kevin McNally, Sandra Nelson, Allan Corduner, Peter Polycarpou, Keith Allen, James Wilby, Kevin McKidd, Richard Dillane

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.