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Driblando o Destino | Crítica

<i>Driblando o destino</i>

30.10.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Driblando o destino
Bend it like Beckham, 2002
Inglaterra/Alemanha
Comédia - 115 min.

Direção: Gurinder Chadha
Roteiro: Gurinder Chadha, Paul Mayeda Berges, Guljit Bindra

Elenco: Parminder K. Nagra, Keira Knightley, Jonathan Rhys-Meyers, Anupam Kher, Archie Panjabi, Shaznay Lewis, Frank Harper, Juliet Stevenson, Shaheen Khan, Ameet Chana, Pooja Shah

Quando foi lançado na Inglaterra, Driblando o destino (de Gurinder Chadha, 2002) foi o maior sucesso. A fita tornou-se o maior lançamento inglês produzido e financiado por empresas locais. Boa parte do sucesso vem do seu título original, Bend it like Beckham. David Beckham, como a maioria deve saber, é o capitão da seleção e queridinho-mor do futebol inglês. Jogava pelo Manchester United até o meio do ano (quando se transferiu para o Real Madrid, do Ronaldo e Roberto Carlos) e é casado com a ex-Spice Girl, Victoria (Posh). O cara é uma espécie de midas do marketing esportivo. Tem contratos milionários, aparece em todas as capas de revistas de fofoca e os ingleses acham que ele é um exemplo de pessoa dentro e fora do campo. Daí vem o título original. Para os súditos da Rainha ninguém chuta a bola com um efeito tão espetacular como Beckham. Só ele consegue acertá-la dentro do gol, fazendo aquela curva perfeita. Entendeu? Bom, se você não conseguiu imaginar nenhuma jogada como essa, não tem problema. O filme não foi feito pensando nos amantes do esporte bretão. Trata-se na verdade de uma comédia romântica que diverte até quem tem dificuldade pra compreender a famigerada regra do impedimento.

Totalmente despretensiosa, a história gira ao redor de uma menina inglesa de origem indiana que é fanática por futebol. Jess (Parminder Nagra) passa as tardes jogando bola no parque e tem o quarto forrado de pôsteres, recortes de jornal e fotos do ex-astro do Manchester Utd. Até aí, tudo bem, pois Becks é realmente uma paixão nacional por lá. O problema começa quando ela é convidada por Jules (Keira Knightley - a dublê da princesa Amidala em Star Wars - Episódio I) a jogar em um time de futebol feminino. O uniforme é um shorts curto, o técnico é um homem... Tudo bem distante das tradições indianas e exatamente o contrário do que seus pais imaginavam para o seu futuro, que incluia terminar a escola, arrumar um marido indiano e manter tradições como comida, danças, etc. Jules não fica muito atrás. Seu pai sempre a incentivou a jogar bola, mas a mãe (Juliet Stevenson, roubando as cenas) acha que isso não é coisa pra menina. Além dos conflitos de gerações, as duas têm de lidar com os problemas típicos da adolescência (como a vaidade) e os hormônios à flor da pele.

Lançamento perfeito e gol de letra

Como conseqüência de tal sucesso, Kiera é uma das novas vedetes de Hollywood, foi parceira de Orlando Bloom em Piratas do Caribe e tem um belo futuro pela frente. Ela participou do ainda inédito Love Actually (dos meus criadores de Um lugar chamado Notting Hill e Quatro casamentos e um funeral), filma sua participação em Rei Arthur, e já está confirmada em Piratas do Caribe 2. A sorte não foi menos generosa com Nagra, que assinou contrato para participar da série de TV E.R. Até mesmo o Jonathan Rhys-Meyers (o técnico do time) - que se esforça, mas é um gol contra neste elenco - se deu bem. O ator participou de Vanity Fair (de Mira Nair, com Reese Witherspoon) e está atualmente filmando Alexandre, o Grande, de Oliver Stone.

Somando o nome do Beckham a um elenco inspirado e um roteiro simples, que mistura conflitos, romance e esporte, os produtores marcaram um gol de letra. Prova disso é que o filme foi bem aceito até nos Estados Unidos, onde o futebol é jogado com as mãos e o tal do soccer é coisa de menina. E para aqueles que querem finalmente entender quando um jogador está impedido, o filme tem uma forma bem didática de ensinar esta "incompreensível" regra.

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