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Antes de mais nada, é preciso deixar claro que Escola de Rock (School of rock, de Richard Linklater, 2003) utiliza uma estrutura das mais batidas na história do cinema. Sente só: professor chega a uma escola de elite, desafia conceitos e acaba mudando a cabeça de seus alunos e do corpo docente. No processo, também torna-se uma pessoa melhor. Quantas vezes vocês já viu um filme assim? Dezenas, não?
Agora, a notícia boa. Apesar de ter essa narrativa batidaça, Escola do Rock merece figurar entre as melhores comédias dos últimos anos. Disparado, o motivo principal é a presença de Jack Black, mais enlouquecido do que nunca, numa paródia de si mesmo. Lembre-se que, além de atuar, Black é o cantor, compositor e guitarrista da Tenacious D, grupo de rock que mantém ao lado de Kyle Gass. O know-how de astro do rock caiu como uma luva para Dewey Finn, o personagem principal de Escola do Rock, cantor, compositor e guitarrista de uma banda chamada No Vacancy. Porém, a diferença entre os dois é que Finn, apesar de talentoso, é um tremendo perdedor e acaba expulso de sua própria banda por excesso de estrelismo.
Sem dinheiro para pagar o aluguel, o músico do filme decide passar-se pelo seu colega de quarto (Mike White), um professor substituto de escola primária. Assim, ele consegue um bom emprego ensinando alunos da quarta série de uma prestigiada e caríssima escola particular. No início, Finn simplesmente enrola durante as aulas, dando intervalos de cinco horas para os alunos. Porém, acaba descobrindo que a molecada têm aulas de música clássica e que são excelentes instrumentistas. Pouco tempo depois, já está ensinando o "bom e velho rock´n´roll" - de Led Zeppelin a White Stripes! -, de olho no primeiro prêmio da Batalha das Bandas, um importante festival de rock que acontece na cidade. Mas como esconder a "atividade extra-curricular" da escola e dos pais de alunos?
É engraçado notar também como Dewey Finn se parece com o Barry, personagem de Black em Alta fidelidade (High Fidelity, 2000). É como se Alta fidelidade terminasse e Barry tivesse ido tentar a sorte com sua nova banda... aliás, até o apartamento de Escola de Rock parece o de Rob Gordon (John Cusack) no filme de Stephen Frears... concidência? Duvido muito.
Lições para o público
Além de Black, os produtores também foram muito felizes no elenco de apoio. Todas as crianças, apesar de não serem atores profissionais, são excelentes e parecem estar se divertindo muito no filme. Vale destacar que todas elas realmente tocam seus instrumentos e algumas, como seus personagens, tiveram que aprender o que é o rock e como tocá-lo, já que tinham apenas formação clássica. Completam o elenco principal Joan Cussack (mais uma de Alta fidelidade), Mike White (que também assina o roteiro, criado sob medida para Black) e Sarah Silverman (Evolução).
Pra completar a bem-orquestrada sinfonia rock´n´roll, o filme ainda traz um engraçadíssima crítica às bandinhas pop/rock "poser" de hoje em dia, endeusadas pelos mais jovens que, como a criançada do filme, ainda precisam aprender muuuuuito sobre o gênero. Felizmente, Escola do Rock tem todas as aulas necessárias para um currículo básico no assunto.