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Eu, Robô | Crítica

<i>Eu, robô</i>

05.08.2004, às 00H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 10H08

Eu, robô
I, robot
EUA, 2004 - 114 min.
Ficção científica

Direção: Alex Proyas
Roteiro: Jeff Vintar, Akiva Goldsman

Elenco: Will Smith, Bridget Moynahan, Bruce Greenwood, James Cromwell, Chi McBride, Alan Tudyk, Adrian Ricard, Jerry Wasserman

O russo Isaac Asimov (1920-1992) colecionou prêmios e obteve enorme prestígio em sua longeva carreira como escritor de ficção científica. Celebrado como um dos maiores mestres do gênero, ao lado de outros gênios como Arthur C. Clarke e Robert A. Heinlein, o autor produziu quase 500 trabalhos. Entre diversos livros e contos sua maior contribuição são as Três Leis da Robótica, inabaláveis princípios de segurança da utilização dos robôs, que ele aplicou em boa parte de sua obra:

1. Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2. Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a primeira lei.

3. Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira e a segunda leis.

Funcionando juntas, as três leis são de uma simplicidade brilhante. Os ensaios mais interessantes sobre sua utilização estão na série de nove contos que Asimov escreveu durante os anos 1940 para diversas revistas especializadas em ficção científica. Mais tarde, esses contos foram reunidos no livro Eu, robô (I, robot), que chega agora aos cinemas, adaptado meramente em essência, sem seguir a linha narrativa das histórias.

Curiosamente, a falta de fidelidade ao material original transformou Eu, robô em uma obra tão interessante quanto a original. Se qualquer uma das histórias curtas fosse transformada em filme, não teria força suficiente para segurar 120 minutos de projeção. Com a opção do roteirista Jeff Vintar (Final Fantasy), auxiliado por Akiva Goldsman (Uma mente brilhante), pela história inédita - que se utiliza largamente dos conceitos, do universo e de alguns personagens do livro -, o filme ganha apelo e, claro, diversão.

A série de pequenos dramas psicológicos, pontilhada por breves rompantes de aventura, ganha roupagem de thriller de ficção moderno, recheado de conspirações, altas doses de aventura, bom humor e suspense. Na história, ao investivar o aparente suicídio do Dr. Alfred Lanning (James Cromwell), o detetive de homicídios Del Spooner (Will Smith) depara-se com o inconcebível: um robô, da moderna série NS-5, pode ter sido o responsável pela morte, algo impossível dadas as três leis. Dono de uma paranóia intensa e um ódio pelos autômatos que beira o racismo, Spooner começa a aprofundar sua investigação com a reticente ajuda da Dra. Susan Calvin (Bridget Moynahan), uma psicóloga de robôs que trabalha para a U.S. Robots, multinacional às vésperas da maior distribuição de andróides de toda a história da humanidade.

Com um roteiro bem amarrado em mãos e atores competentes, o diretor egípcio Alex Proyas (O corvo) pôde dedicar-se ao que faz melhor e construiu uma atmosfera futurista fantástica, superior à criada por Steven Spielberg em dois outros filmes com temática semelhante: Minority report (até o merchandising em Eu, robô é melhor desenvolvido) e A.I.. Mesmo os breves excessos que lembram Matrix são plenamente justificáveis, já que Cidade das sombras, longa dirigido por Proyas em 1998, serviu de inspiração óbvia para os irmãos Wachowski criarem seu filme de 1999.

Os efeitos especiais supervisionados por John Nelson (Gladiador), mesmo quando utilizados em larga escala, também são um show à parte, principalmente com relação ao robô Sonny, interpretado por Alan Tudyk (Coração de cavaleiro). O ator deu vida ao robô da mesma maneira que Andy Serkis viveu o Gollum em O Senhor dos Anéis. Todos os movimentos corporais e faciais de Tudyk foram capturados e transferidos para um modelo digital, criado pelo designer Patrick Tatopoulos (Independence Day) e inserido no filme na pós-produção. O resultado é fantástico e bastante realista.

Eu, robô marca também a primeira adaptação realmente bem sucedida da obra de Asimov para o cinema desde 1966 (ano de Viagem fantástica, de Richard Fleischer), algo curioso, já que o genial legado do escritor daria dezenas de bons filmes. Felizmente, isso parece prestes a mudar, pois Jeff Vintar já está trabalhando no roteiro de sua segunda adaptação da obra de Asimov para as telas: a trilogia Fundação, com Shekhar Kapur (Elizabeth) na direção. Dependendo do resultado do novo filme, é possível que Hollywood finalmente comece a enxergar o potencial desse mestre da ficção no cinema.

Nota do Crítico
Ótimo
Eu, Robô
I, Robot
Eu, Robô
I, Robot

Ano: 2004

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 115 min

Direção: Alex Proyas

Roteiro: Akiva Goldsman

Elenco: Will Smith, Bridget Moynahan, Alan Tudyk, Bruce Greenwood

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