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Anunciado pelos os organizadores do Festival de Filmes Chineses como mais uma produção do diretor Zhang Yimou (Herói, Clã dos punhais voadores), Guerreiros do céu e da Terra (Tian Di Ying Xiong, 2003) é dirigido por He Ping. Isso não diminui em nada esse filme ambientado no ano 700 depois de Cristo. Pelo contrário, é uma aventura à moda antiga com cenas de batalhas sensacionais.
O roteiro, apesar de tradicional, requer atenção. A história acontece na famosa estrada de ligação do comércio da seda entre a Índia e a China na época da dinastia Tang. Lai Xi (Nakai Kiichi) é um japonês que foi enviado à China para aprender as técnicas de combate. Passados vinte anos, ele deseja retornar ao seu país. Para isso precisa completar suas últimas duas tarefas. Primeiro ele é designado a acompanhar Wen Shu (Zhao Wei), filha de um general chinês, até a capital. O outro trabalho é matar o tenente Li (Jiang Wen), conhecido como "matador". Mesmo com um apelido desses, ironicamente, Li está sendo perseguido por ter se negado a cometer uma carnificina com um grupo de prisioneiros de mulheres e crianças. Fora do exército, Li ganha a vida acompanhando caravanas justamente na estrada do comércio de seda. Sua missão atual é acompanhar um monge que supostamente está carregando os ossos místicos do Buda. Master An (Wang Xueqi) lidera um grupo de ladrões que pretende roubar o tesouro sagrado do monge e seqüestrar Wen Shu para torná-la sua esposa.
Esse enredo rebuscado é o ponto de partida de um filme repleto de lutas coreografadas. Notamos uma enorme influência dos westerns de John Ford e os spaghettis de Sergio Leone em perseguições nas grandes formações rochosas e cânions. Há também uma homenagem ao famoso círculo de carroças da cavalaria, em que os índios tentavam penetrar com suas flechas. No caso do filme é um círculo formado por camelos e guerreiros com suas espadas típicas de guerreiros. Os ladrões chefiados por Master An vestem-se como árabes e junto com as imagens no deserto, nos traz à memória os grandes planos de Lawrence da Arábia, de David Lean. Tudo isso com uma fotografia deslumbrante.
No clímax, há ainda um cerco a um forte que lembra muito o massacre do Álamo. Neste momento, o filme ganha proporções épicas e os chineses mostram como a pólvora, descoberta por eles, já tinha sua serventia nos combates. A parte mística, centrada nos ossos do Buda, recorda Os Caçadores da Arca Perdida.
O elenco é homogêneo em sua interpretação. A grande sacada são os nomes dos companheiros de luta do Tenente Li, que têm apelidos do tipo Olho de Águia, Velho Patife e Escorpião, entre outros, que lhes concede uma aura de heróis.
Apesar das diversas influências, o filme é todo original em sua concepção. Percebe-se que a intenção de He Ping era homenagear os famosos épicos cinematográficos. Objetivo alcançado.
Autor: Ping He
Ano: 2003
País: China
Classificação: 14 anos
Duração: 120 min