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Para você, machão, o que é uma mulher perfeita? É aquela que fica em casa, cuida dos filhos, assa bolos para você comer quando chega cansado do trabalho e está sempre linda e cheirosa? E para você, mulher independente, qual o parâmetro de perfeição? É aquela executiva bem sucedida, que ganha uma fortuna, comanda uma empresa e ainda tem tempo para ser linda e atraente?
Pois bem, estes dois sonhos de excelência feminina estão bem caricaturados no novo filme estrelado por Nicole Kidman, Mulheres Perfeitas (Stepford Wives), de Frank Oz. E este é justamente um dos pontos negativos desta adaptação do livro de Ira Levin, que já havia sido transformado em película em 1975. O estilo de vida da cidade de Stepford é tão caricato que acaba não sobrando espaço para desenvolver os aspectos dramáticos, o humor negro e a atitude feminista da obra original. Assim como as mulheres perfeitas que dão título ao filme, sobra à história artificialidade e falta sentimento humano.
Para entender melhor, descrevamos o dia-a-dia de Stepford: Homens jogam golfe, têm seu clube fechado onde se reúnem todos os dias e são felizes porque suas mulheres são todas loiras, lindas, e, principalmente, obedientes. Às esposas, os esforços consistem em fazer ginásticas que simulam atividades domésticas, deixar a casa brilhando e cheia de comida para o marido. Eles têm claramente porque ficar o tempo todo com um largo sorriso no rosto, mas e elas? Como tanta subserviência não as deixa sequer fatigadas? Estas são as perguntas que Joanna Eberhard (Kidman), Bobbie Markowitz (Bette Midler) e Roger Bannister (Roger Bart) vão começar a investigar.
Os três são novos no pedaço e estão naquela cidade por motivos semelhantes: relaxar e tentar salvar seus casamentos. Joanna era presidente de uma rede de TV e perdeu seu cargo depois que um dos reality shows que ela criou foge de seu controle. Bobbie é uma escritora feminista, obviamente a maior ovelha negra por ali. Já Roger se junta às meninas porque seu companheiro está junto com os rapazes, fazendo sabe-se lá o quê no Clube dos Homens.
Se você teve o azar de ler qualquer coisa sobre o filme, já deve saber qual o grande segredo das mulheres de Stepford. Se conseguiu escapar de tal destino, é melhor tentar não saber mais nada, para não estragar as poucas surpresas que o filme guarda.
O Rei e a Rainha de Stepford
Apesar de algumas boas tiradas, principalmente as que fazem referência aos reality shows e empresas de tecnologia, o filme acaba não empolgando muito. Culpa de um roteiro que não consegue chegar ao clímax, e do diretor, que fica só no arroz com feijão mesmo tendo ao seu dispor um elenco cheio de iguarias. Nicole não passa de (mais) um rosto bonito e Matthew Broderick em nada lembra os bons tempos de Ferris Bueler. Salvam-se apenas o casal perfeito formado por Mike e Claire Wellington, interpretados brilhantemente por Christopher Walken e Glenn Close. Ele está com um corte cabelo tão hilário quanto o de Túmulo com vista e em alguns momentos, ela dá tanto medo quanto em Atração fatal, mas por motivos diferentes, claro.
E se o filme tenta passar alguma moral da história do tipo não tente mudar as pessoas que você ama, a lição que passa é que Mulheres perfeitas não existem... nem mesmo em Hollywood.
Ano: 2004
País: EUA
Classificação: LIVRE
Duração: 93 min
Direção: Frank Oz
Elenco: Nicole Kidman, Matthew Broderick, Bette Midler, Glenn Close, Christopher Walken, Roger Bart, Jon Lovitz