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Inferno - O Filme | Crítica

Falta de urgência prejudica o novo thriller de Tom Hanks como Robert Langdon

13.10.2016, às 10H07.

Inferno, novo filme da franquia do simbologista Robert Langdon (Tom Hanks), chega aos cinemas deslocado. Enquanto Hollywood aposta no espetáculo de efeitos, franquias interligadas e tramas cada vez mais voltadas para super-heróis terrenos, o longa de Ron Howard acredita na curiosidade histórica da audiência, explorando personalidades e acontecimentos das Idades Média e Antiga para construir uma trama de mistério - assim como os dois filmes anteriores. 

A diferença deste para os antecessores não é só o timing, já que Dan Brown não é mais o autor do momento, ou a falta de super poderes. Longe disso. O que distancia Inferno de qualquer aventura investigativa é o desinteresse com que trata as revelações e as relacionam com o contexto atual. Não há peso ou urgência nos problemas resolvidos por Langdon, apenas respostas para uma interessante trívia de História da Arte.

* Relançamento de bestseller de Dan Brown parece  sem sentido nos dias de hoje

Depois de lidar com a família de Cristo em O Código Da Vinci e os Iluminatti em Anjos e Demônios, Langdon se envolve com um milionário obcecado por Dante Alighieri, criador da Divina Comédia Humana. Bertrand Zobrist, vivido pelo sempre excêntrico Ben Foster (Warcraft), acha que a humanidade está prestes a ser extinta e acredita que a única saída para evitar isso é matar boa parte dos habitantes da Terra com um vírus. E apesar de falar sobre isso inúmeras vezes, não há sensação de perigo nas ameaças.

Como em todo bom mistério de Brown, a tragédia humana está ligada diretamente a os maiores gênios e cidades da Europa - no caso de Inferno Dante e Boticelli são os rostos escolhidos; enquanto Florença, Istambul e Veneza servem de palco para a caçada de Langdon e da Organização Mundial da Saúde, que entra aqui como o 'sistema'.

De todos os livros de Dan Brown adaptou, este é o que Ron Howard menos consegue modificar a trama para deixá-la atraente para as telas. Os personagens exageram no estereótipo, se perdem nas motivações e não atraem a simpatia do espectador. O maior exemplo de todos é Sienna Brooks, médica vivida por Felicity Jones (Rogue One - Uma História Star Wars), feita para incluir a audiência na trama, mas que acaba como um simples peão no fraco desfecho do roteiro.

Inferno ao menos se diferencia pelo visual. As alucinações e pensamentos de Langdon não se limitam a holografias no meio das esculturas. Aqui os círculos do inferno tomam forma em humanos queimados e deformados, ao mesmo tempo que Howard opta por uma câmera mais nervosa, perdida no foco entre ambiente e atores, acelerando o ritmo da história mais do que na publicação original. A sacada ajuda a tornar a trajetória da dupla protagonista mais frenética, mas não avança a ponto de dar uma identidade ao longa. Se não é o fim de Langdon no cinema, Inferno ao menos é um sinal amarelo.

Nota do Crítico
Regular
Inferno - O Filme
Inferno
Inferno - O Filme
Inferno

Ano: 2016

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 90 min

Direção: Ron Howard

Roteiro: David Koepp

Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Omar Sy

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