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O que não falta no mercado é filme de terror que, involuntariamente, só faz rir. Contra essa leva de pretensiosos, é sempre bom encontrar um que se assume logo de cara como tosco, cômico, autoparódico. Desde o seu início, em 1988, a franquia do brinquedo assassino soube perceber o seu potencial "trashístico". A cada nova sequência - 1990, 1991 - o escracho só aumentava. Depois de ganhar uma noiva em 1998, agora Chucky descobre que virou pai. E a matança dá lugar à crise na família dos carniceiros emborrachados.
Em uma escala de humor, O Filho de Chucky (Seed of Chucky, 2004) se equipara ao seu antecessor. Culpa de Don Mancini, criador e roteirista da série, que agora estréia na direção de longas. Para aproveitar bem a salada de referências pop, recomenda-se repertório ao espectador. A começar pela confecção do boneco do título, uma cópia idêntica, andrógina e esquelética, do Ziggy Stardust de David Bowie - espertamente ocultado nos materiais de divulgação e que cativa a audiência do início ao fim do filme.
Como Pinocchio, ele sofre os abusos de um ventríloquo num show de horrores. Certo dia, quando descobre que Chucky e Tiffany vão virar filme em Hollywood, o novo boneco decide escapar e viajar ao encontro dos pais que não o conhecem. A chegada a Los Angeles abre espaço para mais uma série de citações. É aí que O Filho de Chucky se define uma celebração do cinema B e uma homenagem à musa da franquia, a atriz Jennifer Tilly.
Ela surge no papel de si mesma, depois de ter vivido no quarto filme a vítima do vudu que deu alma à boneca Tiffany. Aqui, o caminho inverso: é a noiva de Chucky que quer possuir o corpo de sua estrela favorita e enfim voltar a ser humana. Se ficou difícil de entender, não se preocupe - importante mesmo é acompanhar Jennifer se esgoelando com satisfação, desconstruindo-se e fazendo piada com a própria carreira cheia de estereótipos de mulher lasciva.
Enquanto as moças se divertem, Chucky enfrenta um dilema: como criar um filho que mal sabe se é menino ou menina (em outra referência a um clássico B, Glen or Glenda, de Ed Wood)? Pior, um filho que não tem a menor vontade de sair cometendo carnificinas despropositadas! Até que tudo se resolva, épicos religiosos e rappers metidos a cineastas serão avacalhados; o rei do trash, John Waters, sofrerá na mão da equipe de maquiagem; Mancini homenageará O Iluminado com a famosa cena da porta e Psicose com o plano aéreo durante a morte da assistente de Jennifer.
E, assim, rindo de si mesmo e prestando reverência a quem se deve, Chucky encontra a sua maneira de viver para sempre.
O Filho de Chucky
Seed of Chucky
Ano: 2004
Lançamento: 14.01.2005
Gênero: Comédia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Duração: 87 min
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