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Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith | Crítica

Star Wars: Episódio III - A vingança dos Sith

19.05.2005, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

Há 28 anos, o mundo achou estranho que um filme começasse com um longo texto amarelo explicando a história até ali. Mas a estranheza foi prontamente transformada em fascínio quando a primeira nave espacial cruzou a telona.

Mais tarde, graças ao velho sábio Ben Kenobi, ficamos sabendo mais sobre esses eventos prévios. "Um jovem jedi chamado Darth Vader, que foi meu discípulo antes de se virar para o mal, ajudou o Império a perseguir e destruir os Cavaleiros Jedi. Agora os Jedi estão quase extintos. Vader foi seduzido pelo lado negro da Força". A frase, proferida por Sir Alec Guiness, sintetiza Star Wars: Episódio III - A vingança dos Sith e conta o final do filme quase três décadas antes dele ser produzido.

Assim, sem surpresas, o capítulo derradeiro da nova trilogia de Star Wars se contenta em colocar as peças finais em um quebra-cabeça cuja imagem já é velha conhecida de todos. Não é saber como ele vai ficar que importa. A diversão aqui é conhecer o encaixe das peças.

Enquanto os episódios I e II serviram para cimentar as bases da história, é o terceiro filme que traz as relações diretas com a Trilogia Clássica. É neste que vemos o nascimento de Darth Vader, a separação dos gêmeos Luke e Léia, a formação do Império Galáctico e o extermínio dos Jedis. É o longa que justifica a existência dos dois primeiros.

Porém, de fato, apenas parte dele merece o mérito de "salvar a nova trilogia" (como se filmes com 1,5 bilhão de dólares somados em rendimentos só nas bilheterias necessitassem de salvamento). Quase 90 minutos do Episódio III não agregam nada à série. A ação, claro, é tecnicamente deslumbrante (outra vez), mas traz as mesmas batalhas CGI e diálogos sem alma dos outros novos filmes que tanto irritaram os fãs mais velhos.

Dessas duras críticas, dá pra tirar uma lição. Os efeitos especiais não devem ser julgados pela sua técnica, mas pela maneira como ajudam a história a estimular a imaginação do público. O que vale mais? Um Yoda de borracha explicando de maneira quase poética a natureza da Força, esse conceito quase religioso, ou um saltitante mestre Jedi digital sem uma linha sequer de bom diálogo?

O equilíbrio da Força

Começando no exato ponto em que a telessérie animada Clone Wars (superior em narrativa e emoção à primeira metade de Sith) parou, o filme abre com uma gigantesca batalha espacial que serve de pano de fundo para a missão de resgate de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) e seu mestre, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), ao chanceler Palpatine (Ian McDiarmid). O político foi sequestrado pelo General Grievous, discípulo meio-alienígena meio-robô do Conde Dookan (Christopher Lee). A seqüência coloca em andamento eventos que, de fato, servem apenas para afastar Obi-Wan de Coruscant e deixar Anakin mais perto das tentadoras ofertas de poder oferecidas por Palpatine. Enquanto isso, lá vêm mais daquelas constrangedoras cenas de amor com diálogos ruins (o calcanhar de Aquiles de George Lucas como roteirista)... mas quando dá até pra começar a lamentar a triste sina da saga, os 45 minutos finais surgem como "aqueles que vão restaurar o equilíbrio da Força".

Conforme o jovem Skywalker cede ao Lado Negro, a história ganha emoção. A tensão cresce e o quebra-cabeça vai ficando bonito. A cada peça, aumenta o nervosismo e o filme se revela como o mais selvagem e sombrio de toda a saga. A batalha no planeta de lava Mustafar é antológica e seu final, memorável. O momento em que o capacete negro de Darth Vader surge na tela - como nunca havia aparecido, por dentro - é daqueles de fazer parar de respirar. Felizmente, o próprio filme nos lembra que é hora de encher os pulmões novamente ao tocar pela "primeira vez" a cadenciada respiração do vilão (essa nós devemos ao genial designer de som Ben Burtt).

Com esse final, Star Wars recupera a grandeza do passado e nos lembra dos motivos pelos quais a aventura espacial arraigou-se na cultura pop. Melhor ainda, traz uma relevância política à saga que, até então, não era tão facilmente enxergada. É que no Episódio III Lucas abusa das referências à política estadunidense de George Bush. Ele diz que não, que era apenas coincidência, mas trechos de discursos do atual presidente dos Estados Unidos estão lá, nos lábios do ex-chanceler agora imperador galáctico, Palpatine. "Você já se perguntou se não estamos do lado errado? Se a democracia pela qual lutamos já não existe mais?", quaestiona Padmé Amidala (Natalie Portman) a Anakin. Excelente.

Enfim, 28 anos depois, caem finalmente as cortinas. Se a qualidade demonstrada na parte final de Episódio III tivesse aberto a nova trilogia, teríamos, sem dúvida, três novos clássicos nos cinemas. Mas se não dá pra voltar no tempo, pelo menos este capítulo final da cinessérie abrirá novas portas para a franquia. Depois da atração principal, o bis existirá na forma de seriados para a TV. E que a Força esteja conosco. O coração dos fãs não aguentaria um novo Jar Jar Binks...

Leia o Especial Star Wars

Nota do Crítico
Bom
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Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith
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Ano: 2005

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 140 minutos min

Direção: George Lucas

Elenco: Hayden Christensen, Ewan McGregor, Natalie Portman, Ian McDiarmid, Frank Oz, Anthony Daniels, Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Jimmy Smits, Jay Laga'aia, Temuera Morrison, Rohan Nichol, Jeremy Bulloch, Kenny Baker, Silas Carson, David Bowers, Keisha Castle-Hughes, Wayne Pygram, Peter Mayhew

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