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Tiresia | Crítica

<I>Tiresia</I>

03.06.2004, às 00H00.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 10H05

Tiresia
Tiresia

França / Canadá, 2003
Drama - 115 min.

Direção: Bertrand Bonello
Roteiro: Bertrand Bonello, Luca Fazzi (história)

Elenco: Laurent Lucas, Clara Choveaux, Thiago Telès, Célia Catalifo, Lou Castel, Alex Descas, Fred Ulysse, Stella, Marcelo Novais Teles, Olivier Torres, Isabelle Ungaro, Abel Nataf

Há vinte anos, o Bois de Boulogne (um bosque da periferia parisiense), serve de ponto de prostituição para as chamadas les brésiliennes du Bois. São travestis brasileiros, dezenas. Alguns órgãos da sociedade francesa, como a PASST (Prevenção, Ação, Saúde e Trabalho para os Transgêneres), entendem o fenômeno com seriedade. Inclusive, a fundadora da instituição, a transexual brasileira Camille Cabral, que imigrou a Paris para especializar-se em Medicina em 1980, naturalizada há dez anos, foi eleita vereadora em 2001.

Mas a maioria dos franceses faz piada homofóbica com a situação - e evita circular pela área à noite.

Por um desses caprichos do mercado, Tiresia (2003), de Bertrand Bonello, estréia no remodelado Belas Artes em São Paulo ao mesmo tempo em que sai de cartaz Xuxu (Chouchou, de Merzak Allouache, 2003). Os dois filmes franceses falam desse mesmo tema - imigrantes transexuais tentando se adaptar a uma Paris despreparada para recebê-los - mas são absolutamente antagônicos nos seus enfoques. A comédia de Allouche cria caricaturas e finais felizes para não polemizar nem ofender a platéia. Já Bonello confunde mitologia e realidade e não poupa ninguém de cenas cruas de nudismo, sexo e violência.

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Motivo de incompreensão

A maneira como o diretor Bonello, responsável por O Pornógrafo (Le Pornographe, 2001), filma os travestis entre as árvores, trocando palavras em português, tem muito mais de primeiro contato documental do que de conhecimento de causa. Mas logo Bonello larga o distanciamento para se embrenhar num ambicioso tratado psicológico. Ele mostra um homem de poucas palavras (Laurent Lucas) que "não tem rosas no jardim". Esse homem parte, reticente, ao bosque - e encontra no meio de vozes grossas e silicones exuberantes uma brasileira delicada, de traços finos, que canta docemente "Teresinha de Jesus".

Ela é interpretada por Clara Choveaux, ex-modelo, filha de uma curitibana e um francês. Chama-se Tiresia. O homem a leva para casa, mas evita contato. Tiresia diz que está ali para transar, não conversar. Ele a tranca no quarto, no início de uma reclusão forçada que durará semanas de hostilidade e desespero. Nesse momento, a narrativa quieta e introspectiva de Bonello traduz muito bem a estranha atração com que aquele "carcereiro", a personificação da sociedade parisiense, conhece a verdade nua de um corpo que, sem a ingestão de hormônios, estaciona indefinido entre o masculino e o feminino.

Motivo de peregrinação

Mas tudo só está começando. Na mitologia grega, o bissexual Tiresia, cego ao ver a nudez da deusa Atena, vira adivinho. Tiresia de Bonello também tem esses dois momentos.

Depois daquele período de claustro, a brasileira sofre uma tragédia que lhe tira a visão, e acaba recolhida por uma família local. Agora interpretada por outro brasileiro (Thiago Teles, estudante de filosofia descoberto por acaso pelo diretor), Tiresia desenvolve o dom da premonição. Torna-se motivo de peregrinação popular - e de curiosidade por parte da Igreja. Padre François (também vivido por Laurent Lucas) decide conhecer o cego que, de cabelo raspado, sem hormônios e sem poder se olhar no espelho, já perdeu a aparência feminina que fazia questão de cultivar nos tempos que trabalhava na rua.

É possível identificar uma certa crítica social na virada entre as duas partes do filme: primeiro, a transexual prostituta espanta o francês carcereiro a ponto de provocar uma tragédia; depois, santificada, masculinizada, torna-se guia das pessoas e ilumina a vida do padre interpretado por aquele mesmo ator. Mas o filme não dispõe as coisas de modo tão claro. Esse é o seu maior problema. Existem ali outras tantas referências - a repetição de "Teresinha de Jesus", a relação com a mitologia e os monólogos do carcereiro/padre - que empastelam demais o filme.

Ao final da projeção, aquela comedida introspecção da primeira parte acaba soterrada em meio a um todo pretensioso e, principalmente, confuso. Filtrar o filme e tirar as conclusões que você lê aqui, acredite, exige esforço. Mas Bertrand Bonello oferece a deixa: um documentário de fato sobre a situação dos travestis brasileiros seria providencial, tanto para tentar resolvê-lo por lá, quanto para esclarecê-lo por aqui.

Nota do Crítico
Bom

Stella

Stella

Ano: 2008

Lançamento: 11.06.2009

Gênero: Drama

País: França

Classificação: 14 anos

Duração: 103 min

Direção: John Erman

Elenco: Bette Midler , John Goodman , Trini Alvarado , Stephen Collins , Marsha Mason , Eileen Brennan , Linda Hart , Ben Stiller , William McNamara , John Bell , Ashley Peldon , Alisan Porter

Onde assistir:
Oferecido por

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