Por mais que James Bond ganhe novas e atualizadas missões nas telas, o mundo da espionagem já deixou de ser charmoso e glamouroso como em outros tempos. Filmes como o verossímil O Alfaiate do Panamá (The Tailor of Panama, de John Boorman, 2001) ainda conservam aqueles agentes de ternos finos, metidos em cassinos, mas a crueza e a hostilidade da profissão sobressaem em filmes como Jogo de Espiões (Spy game, 2001), de Tony Scott, diretor competente de policiais e de thrillers, como Maré vermelha (Crimson tide, 1995), Inimigo do estado (Enemy of the state, 1998) e o clássico Top gun - Ases indomáveis (Top gun, 1986).
Os vilões clássicos, mais exóticos e insanos do que propriamente nocivos, dão lugar a políticos mesquinhos e a milicianos suicidas. Drinques envenenados? Que nada. Assassinatos de ditadores e até negociações com terroristas entram na nova pauta. Tiroteios, em meio à Guerra Civil do Líbano, substituem aquelas missões nos Alpes ou no Caribe, mais parecidas com roteiros de férias. E agentes conhecidos por todos, de grande renome e identidades supostamente secretas, agora abrem espaço ao verdadeiro jogo dos espiões: a ordem diplomática vale mais do que a vida de um único peão.
A trama de Jogo de espiões começa de maneira angustiante. Acusado de espionar uma penitenciária na China, Tom Bishop (Brad Pitt), um agente da CIA, acaba preso e condenado à morte. Como a direção da agência desconhece os motivos do intento de Bishop, a negociação da libertação passa por sérios obstáculos burocráticos. Prestes a se aposentar, Nathan Muir (Robert Redford), o mentor do espião, acaba intimado pela CIA a explicar o ocorrido - enquanto Bishop dispõe de apenas 24 horas de vida. Assim, em longos flashbacks, a trama retorna ao treinamento de Bishop e à sua relação com Muir. Paralelamente, o mestre estuda um meio de resgatar seu pupilo.
Anteriormente, Robert Redford e Brad Pitt apenas haviam trabalhado juntos em Nada é para sempre (A river runs through it, 1992), quando o primeiro dirigiu o segundo, ainda desconhecido. Portanto, Jogo dos Espiões vale a pena pelo talento do veterano e pelo clima entre os astros, professor e aprendiz também fora da tela, como reconhece Pitt. E também, o filme é exemplar pela ação e pela tensão crescente, por fugir da estética artificiosa de um 007 e por mostrar como são hostis os meandros da espionagem. Claro, ainda existem alguns resquícios, como o fascínio dos agentes por belas mulheres. Mas explicar essa questão seria entregar um pouquinho da história...
Jogo de Espiões
Spy Game
Ano: 2001
Gênero: Ação
País: Inglaterra, EUA
Classificação: 18 anos
Duração: 115 min
Direção: Tony Scott
Elenco: Robert Redford , Brad Pitt , Catherine McCormack , Stephen Dillane , Larry Bryggman , Marianne Jean-Baptiste , Matthew Marsh , Todd Boyce , Michael Paul Chan , Garrick Hagon , Andrew Grainger
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