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Crítica

John Carter - Entre Dois Mundos | Crítica

Um novo universo de fantasia e ficção científica se abre nas telas

08.03.2012, às 18H44.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

A história de John Carter no cinema é tão longa quanto infrutífera. As primeiras tentativas de levá-lo às telas dizem datar da década de 1930, mesma época em que Walt Disney estreou o primeiro longa-metragem animado, Branca de Neve e os Sete Anões. Mais recentemente, o projeto passou pelas mãos de Robert Rodriguez (Sin City) e até Jon Favreau (antes de Homem de Ferro).

John Carter

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Em 2007, a Disney aproveitou o desleixo da Paramount, que tinha os direitos sobre a obra, mas não o produziu, e anunciou John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter, 2012), o primeiro longa-metragem da Pixar estrelado por atores, em vez da já tradicional computação gráfica que tornou tão famoso e premiado o estúdio de animação. Com o brilhante currículo da Pixar e a presença de Andrew Stanton (Wall-E, Procurando Nemo) na direção, o projeto parecia não ter como dar errado. Mas no meio do caminho vieram Fúria de Titãs(2010) e Conan - O Bárbaro (2011), dois filmes também ambientados em universos fantásticos, com homens de sunguinha de couro, espadas e efeitos especiais - que ora falharam feio, ora simplesmente não empolgavam. E, vale dizer, as primeiras imagens e os vídeos que foram criados para promover John Carter seguiam a mesma linha. Tínhamos lá um herói sarado de cabelos ao vento, muita bravata, monstros gigantescos de pixels e pouca história.

E é aí que John Carter se destaca em relação à concorrência, afinal, o storytelling sempre foi o grande diferencial da Pixar, muito mais do que usar computação gráfica para criar personagens, algo que qualquer um consegue fazer hoje em dia. A matéria-prima - o romance Uma Princesa de Marte, que Edgar Rice Borroughs (mesmo criador de Tarzan) escreveu no início do século 20 - foi tratada aqui com muito carinho e também com o devido cuidado para que as crenças e ficções daquela época se fundissem com o que a ciência descobriu nestes quase 100 anos desde sua publicação. Assim, o que se vê na tela é uma história bastante atualizada ao cenário de hoje, utilizando o que havia de mais fantástico na literatura pulp de qual Borroughs fazia parte.

Pode Chorar

Assim como aconteceu com Avatar, vai ter gente dizendo que não há novidade alguma na trama, pois o arco do herói que consegue vencer fora do seu mundo já foi visto em Pocahontas, Dança Com Lobos, no próprio Avatar e em várias outras histórias contadas nas mais diversas mídias. E é verdade. Mas o que importa aqui é a viagem a que ele nos leva, saindo da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, onde nosso herói foi um destemido capitão do exército sulista, até sua chegada a Marte, onde sua atitude e teimosia terão de ser repensadas, pois nem andar por lá ele consegue direito.

O desenvolvimento do protagonista, que mostra o seu total descontrole e desapego com a sociedade, é feito de uma forma não linear, cheia de saltos temporais, o que só melhora a profundidade dos mistérios que envolvem John Carter (Taylor Kitsch). E, para completar, há ainda a piada metalinguística, uma vez que o próprio Borroughs aparece como o narrador da história, tal qual é no livro, apenas relatando ao leitor/espectador a aventura de seu tio na distante Marte, onde conhece e se apaixona pela princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) e luta para salvá-la de um casamento arranjado.

Quando Stanton disse, lá 2008, que passaria o ano seguinte lapidando o roteiro, você já logo entende o que diferencia John Carter dos outros longas de semelhante ambientação. O script não gagueja, faz a história andar sempre para frente, aumentando seu ritmo e deixando o espectador cada vez mais envolvido com os personagens e de boca aberta com o visual, que parece ter saído das pinturas de Frank Frazetta diretamente para o cinema. E em 3D! E em IMAX! É algo de encher os olhos dos fãs de ficção científica e fantasia de lágrimas e também de expectativa pelo que já foi feito aqui e pelo que ainda pode estar por vir.

A Disney anunciou que pretendia fazer ao menos uma trilogia completa baseada na série Barsoom, que teve 11 livros escritos por Borroughs. Esbarra, no entanto, no alto custo de produção da estreia - estimado em 250 milhões de dólares, fora o marketing necessário para se vender uma nova franquia. Mas se a revista New Yorker diz que seria preciso ao menos 700 milhões para o filme começar a dar lucro, agora cabe aos fãs irem ao cinema 1, 2, 3 vezes ver o filme e recomendá-los aos amigos, pois só assim conseguiremos ver nas telas um novo universo para fazer companhia a Star Wars, O Senhor dos Anéis e Avatar. John Carter já venceu sua primeira batalha, agora começa a nossa parte.

John Carter | Trailer legendado
John Carter | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Excelente!
John Carter
John Carter
John Carter
John Carter

Ano: 2012

País: EUA

Classificação: 12 anos

Duração: 132 min

Direção: Andrew Stanton

Elenco: Taylor Kitsch, Mark Strong, Willem Dafoe, Ciarán Hinds, Samantha Morton, Thomas Haden Church, Dominic West, James Purefoy, Bryan Cranston, Polly Walker, Daryl Sabara, Arkie Reece, Davood Ghadami, Pippa Nixon, Lynn Collins

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