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Lovelace | Crítica

Filme de Rob Epstein e Jeffrey Friedman apresenta visão censurada, mas emocionalmente coerente da atriz de Garganta Profunta

12.09.2013, às 20H23.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

A inocente menina sardenta de uma família conservadora se transforma no símbolo da emancipação feminina e da revolução sexual dos anos 70. A história de Linda Lovelace seria um conto de fadas da indústria pornô, mas a vida da atriz de Garganta Profunda se revelou um drama pesado, abarrotado de passagens chocantes.

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Pelo roteiro de Andy Bellin, Rob Epstein e Jeffrey Friedman misturam o glamour e as desgraças da trajetória de Lovelace, em uma narrativa que recria emocionalmente a sua biografia. A primeira parte do longa mostra a sua entrada na pornografia, incentivada pelo marido, Chuck Traynor, e os louros da fama - como o apoio de Hugh Hafner e o encontro com celebridades. O segundo ato preenche as lacunas, revelando a presença abusiva do marido durante todo o processo da transformação de Linda Susan Boreman em Lovelace.

O formato exprime perfeitamente a descrença sofrida por Linda, quando ela assume o sobrenome do seu segundo marido, Larry Marchiano, e decide contar sua história em Ordeal (Provação em português). Mesmo que tivesse passando por um detector de mentiras, era difícil acreditar que a musa de um dos filmes pornográficos mais conhecidos e lucrativos da história fosse uma vítima. Pelas páginas do livro, contudo, o símbolo do amor livre revela uma vida de abusos e humilhação, sendo submetida pelo próprio marido a atos execráveis, devidamente filmados em oito milímetros.

Epstei e Friedman, porém,  tocam apenas na superfície, em nenhum momento explorando a violência e o conteúdo sexualmente explicito da realidade do seu tema. Assim como em Uivo (2010), que rendeu uma excelente performance de James Franco como Allen Ginsberg, Lovelace se constrói pela estrutura sensorial do roteiro e pelas atuações, deixando os fatos em segundo plano.

Ainda que seja bem-sucedida em desdobrar os dois lados da vida de Linda, esse mesmo relato não-linear é responsável por desprover o filme de ritmo, submetendo o espectador a voltas no tempo mal demarcadas e repetições desnecessárias. É Amanda Seyfried, em uma atuação delicada e sincera, que sustenta o longa, criando uma empatia imediata e necessária com a personagem-título. Peter Sarsgaard (Chuck), James Franco (Hugh Hafner), Sharon Stone (como a mãe de Linda), Adam Brody (como Harry Reems, o ator que recebe pela primeira vez a “técnica da garganta profunda” de Lovelace), Chris Noth e Bobby Cannavale (os produtores de Garganta Profunda) e Hank Azaria (o diretor), entre outras participações especiais, também despontam em momentos inspirados ao longo do filme.

Lovelace é uma visão educada e sensível da vida da atriz de Garganta Profunda, mas é apenas uma introdução à história controversa de uma mulher que teve influência significativa tanto na desmitificação da sexualidade - revelando o sexo oral e o prazer feminino ao grande público -, como no combate ao abuso. Um símbolo sexual e um símbolo do feminismo que merece ser conhecido.

Nota do Crítico
Bom
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Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 92 min

Direção: Rob Epstein, Jeffrey Friedman

Roteiro: Andy Bellin

Elenco: Amanda Seyfried, Peter Sarsgaard, Hank Azaria, Adam Brody, James Franco, Sharon Stone, Wes Bentley, Juno Temple, Chloë Sevigny, Eric Roberts, Bobby Cannavale, Robert Patrick, Chris Noth, Debi Mazar

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