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Matrix Revolutions | Crítica

Blockbuster hollywoodiano faz púbico pensar pela terceira vez

05.11.2003, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

O general chinês Sun-Tzu, em A Arte da Guerra, escreveu que o elemento surpresa é fator decisivo para o sucesso de um ataque.

Em 1999, Matrix, dos até então desconhecidos Andy & Larry Wachowski, tinha surpresa de sobra quando entrou em cartaz e começou a colecionar elogios rasgados das críticas e público.

Quatro anos depois, as ultra-alardeadas sequências do filme foram alvo da implacável curiosidade dos fãs. Sem a surpresa, já estrearam desfalcadas da aura de mistério do original. A superexposição colaborou também para o desapontamento geral dos espectadores, que esperavam as mesmas emoções que sentiram em 99.

Numa mistura de verborragia filosófica e kung-fu, Matrix Reloaded não correspondeu às altíssimas expectativas dos fãs. Mesmo assim, foi debatido exaustivamente. Tal caminho provavelmente também será seguido por Matrix Revolutions. Pior... o capítulo final sofre de um mal ainda maior, pois tem dois predecessores para ser comparado.

Trata-se de um destino inglório para um filme que fecha com competência acadêmica a saga de Neo, Trinity e Morpheus. Note que a competência aqui citada tem dois sentidos. O primeiro é bom, já que a aventura amarra as pontas soltas, garante duas horas de entretenimento e ainda deixa ampla margem para discussões (há uma nova personagem que deve deixar os fãs loucos de vontade de entendê-la melhor, a menininha Sati). O outro, ruim, é a falta de inovação, como num trabalho apressado de principiantes no qual qualquer tipo de experimentação é deixado de lado para privilegiar soluções convencionais, já vistas e revistas no cinema.

Porém, se a conclusão é calcada na obviedade, é nas cenas isoladas que Revolutions se sustenta e desequilibra a balança. O combate final entre Neo (Keanu Reeves) e Smith (Hugo Weaving, perfeito) - uma briga de rua entre Super-Homens - é grandioso, o ataque das máquinas à Zion é empolgante e a visita à cidade de 01, a capital das máquinas, bastante satisfatória para quem conferiu "O segundo renascer", episódio da série Animatrix. Também é digno de nota o tratamento dado pelos escritores às mulheres no filme. Trinity nunca esteve tão decidida e durona, Niobe (Jada Pinkett Smith) chega a eclipsar Morpheus e até Zee (Nona Gaye) aparece para salvar o dia. As mulheres de Matrix não levam desaforos pra casa e nunca perdem a feminilidade.

A história de Revolutions começa exatamente do ponto em que pararam Reloaded e Enter the Matrix, o videogame da saga. Neo está em coma, depois de destruir sentinelas no mundo real com sua mente. As defesas de Zion preparam-se para enfrentar a maior batalha de sua história, enquanto centenas de milhares de robôs avançam rapidamente em direção à cidade. Trinity (Carrie-Anne Moss) e Morpheus (Laurence Fishburne) decidem entrar pela última vez na Matrix para encontrar a Oráculo (Mary Alice) e tentar salvar o predestinado. Auxiliados por Seraph, descobrem que o Merovingio (Lambert Wilson) pode estar por trás do estado de Neo. A batalha é iminente nos dois fronts, o mundo real e a realidade simulada, e mesmo o vencedor pode perder tudo, já que o vírus Smith atingiu proporções alarmantes e só tem um desejo em mente: o fim de todas as formas de existência.

Correspondendo às expectativas ou não, é impossível deixar de admirar o fato de que um blockbuster hollywoodiano, de enorme sucesso comercial, pela terceira vez fará com que os fãs pensem e discutam a história durante anos, buscando referências filosóficas, teológicas e literárias. O debate é positivo e o resultado é engrandecedor. E isso, ninguém tira de Matrix. Seja ele o original, Reloaded ou Revolutions.

Nota do Crítico
Bom
Matrix Revolutions
The Matrix Revolutions
Matrix Revolutions
The Matrix Revolutions

Ano: 2003

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 129 min

Direção: Andy Wachowski, Lana Wachowski

Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving, Mary Alice, Helmut Bakaitis, Lambert Wilson, Roy Jones Jr., Randall Duk Kim, Harry Lennix, Matt McColm, Harold Perrineau Jr., Jada Pinkett Smith, Gina Torres, Collin Chou, Cornel West, Nona Gaye, Monica Bellucci, Maurice Morgan, Bernard White

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