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Crítica

Não se Aceitam Devoluções | Crítica

Comédia com Leandro Hassum peca na objetividade e perde a chance de explorar a paternidade de modo mais interessante

30.05.2018, às 10H20.
Atualizada em 30.05.2018, ÀS 23H42

Depois de emplacar um sucesso atrás do outro na bilheteria nacional, Leandro Hassum se propôs um novo desafio nos cinemas em 2018: conciliar a comédia e o drama em Não se Aceitam Devoluções, remake do longa mexicano estrelado e dirigido por Eugenio Derbez.

O comediante vive Juca Valente, um mulherengo experiente e com medo de compromisso, que vê sua vida virar de cabeça para baixo quando Brenda, um de seus muitos casos, aparece na sua porta com uma filha nos braços. Determinado a não ficar com a Emma, ele segue a mulher até os Estados Unidos na tentativa de devolver o bebê, mas uma série de confusões o obrigam não apenas a assumir a criança, como também a largar o Guarujá e ficar em Los Angeles, trabalhando como dublê em filmes de ação. Anos se passam e, quando finalmente se habituou à vida de pai e à cidade americana - mesmo não falando nenhuma palavra de inglês -, Juca sofre novo baque com o reaparecimento de Brenda, que deseja voltar a conviver com a filha custe o que custar.

Hassum repete o exagero das produções anteriores para criar situações engraçadas, o que deve voltar a dividir a opinião do público quanto à qualidade das piadas. Porém, ele se destaca de verdade quando o filme toma rumos mais dramáticos, entregando momentos sensíveis e, surpreendentemente, sutis. Já a estreante Manuela Kfouri, que interpreta Emma, deixa um pouco a desejar justamente neste contexto, quando fica mais evidente a falta de naturalidade na hora de dar suas falas.

Entretanto, esse traço não se restringe apenas à atriz mirim. Na realidade, afeta parte do elenco de apoio, inclusive Laura Ramos, a intérprete da Brenda, em alguns momentos. De todos, Jarbas Homem de Mello é o que tem mais domínio do personagem e, por isso, entrega uma performance mais coesa, mesmo sendo obrigado a trocar a todo instante o inglês e o espanhol.

Uma das razões para que as atuações tenham essa rigidez se deve à própria direção de André Moraes, que comete deslizes na hora de encontrar o equilíbrio entre o dramático e o cômico dentro do filme. Não se Aceitam Devoluções é ora um, ora o outro, sem conseguir se apresentar de fato como uma dramédia.

O roteiro e a montagem também falham nesse quesito ao privilegiar cenas longas e, em teoria, engraçadas, mas que avançam pouco a história. Voltando-se completamente para o humor escrachado, todo o drama gerado pela chegada da mãe, o ponto mais interessante da trama, acaba em segundo plano e ganha desdobramentos atropelados e preguiçosos. Isso não significa que o filme precisava de mais tempo. O que faltou mesmo foi objetividade.

Por não querer se distanciar do filme original, Não se Aceitam Devoluções insiste no estereótipo de que pai só é sinônimo de diversão e perde a oportunidade de explorar a dinâmica daquela família a partir de uma ótica mais interessante. Uma pena, porque o filme tinha mais potencial.

Nota do Crítico
Regular
Não se Aceitam Devoluções
Não Se Aceitam Devoluções
Não se Aceitam Devoluções
Não Se Aceitam Devoluções

Ano: 2018

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 99 min

Direção: André Moraes

Roteiro: Patrícia Moretzsohn, Ana Maria Moretzsohn

Elenco: Jarbas Homem de Mello, Zéu Britto, Laura Ramos, Guilherme Rodio, Leandro Hassum

Onde assistir:
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