Um filme de suspense em que uma mulher tenta se reestabelecer depois de passar por um momento de mudança. Um dia, um homem misterioso entra na sua vida; os dois se envolvem e aos pouco o moço charmoso se revela um tanto obscuro, transformando a vida da mulher em um pesadelo.
Você já viu essa história. Talvez, várias vezes, de A Hora do Espanto a A Última Casa da Rua, no cinema ou na programação de sábado à noite da televisão, e O Garoto da Casa ao Lado (The Boy Next Door, 2015) é mais um deles. Não é nem a primeira vez que Jennifer Lopez estrela um longa de abuso (em Nunca Mais pelo menos ela revida com estilo).
A mulher em questão é Claire (Lopez), professora de literatura e mãe de um adolescente. O momento de mudança consiste em superar a traição do marido e conseguir se dar bem com o filho. Vizinho charmoso é Noah Sandborn (Ryan Guzman) que, aos 20 anos, se muda para a casa do tio idoso depois da morte de seus pais. A princípio Claire se deixa envolver por Noah. Quando ela percebe o erro, já é tarde.
Entre chantagens e perseguições, os piores momentos do longa ficam a cargo das referências literárias forçadas e inconsistentes. Quando Noah presenteia Claire com um livro em capa de couro e fontes douradas, que ele diz ser a primeira edição da Ilíada, a professora fica bastante impressionada e lisonjeada. Eu tenho certeza que qualquer um ficaria, afinal o poema épico foi escrito pela primeira vez no século VI antes de Cristo...
O filme não inova, não foge dos clichês e nem sequer surpreende. Rende alguns sustos, mas peca por intercalar as cenas aflitivas com imagens que beiram o ridículo por serem excessivamente gráficas. O charme de Lopez e de Guzman ajudam a prender a atenção na primeira parte do filme e a manter o espectador na cadeira à espera do desfecho, ainda que não exista milagre capaz de salvar o longa de um final previsível.
Mas comparando com o último sucesso do cinema em que um rapaz charmoso e galanteador fica obcecado por uma mulher que se dedica a estudar literatura, Guzman dá uma aula de sensualidade ao superestimado Christian Grey. E Jennifer Lopez (que vive no limbo da cantora mediana que se esforça para ser uma atriz mediana) consegue montar uma personagem coerente.
A história consegue justificar de maneira aceitável, ainda que ordinária, as problemáticas e as resoluções da trama. O diretor Rob Cohen (Velozes e Furiosos, Triplo X) parece não ter intenção de fazer um filme complexo; o mistério é mais óbvio que a maioria dos episódios de Scooby-Doo e o diretor nem se preocupa em criar detalhes elaborados que se conectem no final.
Com umas duas cenas sensuais e meia dúzia de sustos, para justificar sua existência, O Garoto da Casa ao Lado não é um filme enfadonho. É quase como assistir a um desenho animado velho durante o café da manhã. Você já sabe exatamente o que vai acontecer e mesmo assim assiste até o final para rir (nesse caso, tomar sustos) com as patacoadas das personagens manjadas. O único porém, é que ao contrário dos desenhos de infância, O Garoto da Casa ao Lado não deve durar mais que uma semana na memória das pessoas.
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