Cena de Quebrando Regras (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Quebrando Regras (Reprodução)

Filmes

Crítica

Cinema cristão pode ser subversivo? Quebrando Regras propõe que sim

Nova produção do Angel Studios vai de encontro ao progresso, e não contra ele

Omelete
3 min de leitura
26.06.2025, às 17H40.

Não seria grande surpresa se você entrasse na sua sessão de Quebrando Regras sem saber que o filme é uma produção do Angel Studios. A gigante da mídia cristã estadunidense, que ganhou notoriedade inédita após o sucesso de Som da Liberdade nos cinemas, não tem alardeado o seu envolvimento no longa. Pudera: com Phoebe Waller-Bridge no elenco (em pouco mais do que uma participação especial, mas ela ainda provavelmente se qualifica como a maior estrela que a Angel já atraiu), Quebrando Regras narra a história real de um time feminino de robótica que saiu de uma cidade pobre no Afeganistão para vencer competições ao redor do mundo. 

É curioso, antes de qualquer coisa, pensar nos motivos para o normalmente barulhento Angel Studios ter preferido a discrição nesse projeto em específico. Marketing, provavelmente, está no topo da lista - eles estão contando que uma audiência não-cristã e não-conservadora vá comprar o ingresso justamente por não saber que se trata de um produto dos mesmos financiadores de Som da Liberdade. Mas também é possível que exista algo a mais aí, uma vontade de se afastar do longa pelas entrelinhas desconfortáveis que ele levanta, ou levantaria caso fosse visto como um dos títulos-assinatura do Angel.

Isso porque há algo essencialmente agregador em Quebrando Regras, em oposição à lógica segregacionista, excepcionalista e persecutória que tem dominado o cristianismo contemporâneo. O roteiro - assinado pelo também diretor Bill Guttentag (Soundtrack for a Revolution) ao lado dos estreantes Jason Brown e Elaha Mahboob (irmã da personagem real que inspirou o longa) - começa subversivo dentro justamente por centrar uma perspectiva alheia à Igreja, e não antagonizá-la. Esta é a história de uma jovem muçulmana encontrando caminhos para o aperfeiçoamento, primeiro de um ponto de vista egocêntrico (aprendendo computação), e depois tentando estender essa evolução para seus arredores (é aí que entra a escola de informática e o time de robótica).

O vilão de Quebrando Regras não é o povo afegão, ou o seu apego às tradições religiosas.  É o Talibã, ganancioso por poder e controle, que não quer permitir que pessoas como Mahboob e suas alunas ganhem autonomia o bastante para conseguir escapar do seu jugo. O filme não toca em como sucessivas intervenções dos EUA no Afeganistão foram efetivamente responsáveis por fazer do Talibã o poder dominante no país, é claro, mas não dá para esperar tanto de uma produção hollywoodiana. Dentro dos parâmetros do cinema mainstream estadunidense, Quebrando Regras se qualifica como uma narrativa genuína da dificuldade do povo afegão, e de como ela não tem absolutamente nada a ver com a sua identidade cultural.

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Nesse espírito, também, o filme sai do seu caminho para mostrar como as viagens do time de meninas afegãs ao redor do mundo cria um intercâmbio cultural largamente positivo. Guttentag faz isso com uma multiplicidade de montagens de viagem, minando sua experiência em documentário para entrecortar imagens reais das animadíssimas competições de robótica que as meninas visitam, nas quais são acolhidas e assistidas por uma gama espetacularmente diversa de rivais, juízes e espectadores. Nos momentos mais íntimos - e portanto mais patentemente ficcionais - do filme, ele usa um registro mais sóbrio, que tem pouco de sofisticado, mas também não entra no caminho da sua história.

Quebrando Regras não é um filme inteiramente laico, é claro. Certo momento do terceiro ato sublinha o papel do cristianismo nessa trama que pouco tem a ver com ele (e faz isso sem qualquer sutileza, diga-se de passagem). Mas, se este é um filme cristão, é um filme cristão que não entende a cristandade como única forma de vida digna, ou como forma de vida perseguida pelo mundo laico ao seu redor. A mensagem aqui é “o conhecimento liberta”, e “mulheres merecem perseguir seus sonhos” - nada de revolucionário, é claro, mas também nada de regressivo ou agressivo o bastante para agradar ao cristo-conservadorismo contemporâneo. Já é mais do que o esperado.

Nota do Crítico
Bom

Quebrando Regras

Rule Breakers

Ano: 2025

País: EUA

Duração: 120 min

Direção: Bill Guttentag

Roteiro: Jason Brown, Elaha Mahboob, Bill Guttentag

Elenco: Nikohl Boosheri , Phoebe Waller-Bridge , Ali Fazal

Onde assistir:
Oferecido por

Comentários (1)

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Familícia Bozonaro
há 10 dias

fiminho evanjegue? passo

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