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Crítica

Sem Fôlego | Crítica

Todd Haynes adapta obra de Brian Selznick com sensibilidade e otimismo

25.01.2018, às 18H30.
Atualizada em 30.01.2018, ÀS 19H01

A busca pela identidade e a vontade de pertencer são questões tipicamente humanas com as quais filósofos, artistas e pessoas comuns lidam cotidianamente desde que o mundo é mundo. Em Sem Fôlego, porém, Todd Haynes leva essas reflexões ao universo infantil, numa aventura simples e encantadora.

Baseado no livro homônimo de Brian Selznick, autor do aclamado A Invenção de Hugo Cabret, o filme conta, simultaneamente, as histórias de duas crianças com deficiência auditiva: enquanto Rose sofre com uma educação rigorosa longe da mãe na década de 1920, Ben vive a angústia de não saber quem é seu pai, nos anos 1970. Decididos a mudar suas vidas, eles vão sozinhos para Nova York atrás de respostas e vivem duas jornadas distintas até que, eventualmente, se encontram.

Com Selznick assinando o roteiro, era de se esperar que o desenrolar do filme não fosse se afastar muito da obra original. Mesmo assim, Haynes surpreende com a perspicácia com que recria a experiência do livro - narrado por ilustrações e prosa - na linguagem cinematográfica. Os desenhos, que funcionam quase como um storyboard para a produção, ganham a estética dos filmes mudos da década de 1920, explorando os efeitos sonoros e a dramaticidade exagerada. Já a busca de Ben assume traços mais próximos do que é comum aos filmes atuais. A transição entre os períodos nem sempre é fluida, mas isso não atrapalha a percepção do espectador de que as trajetórias dos protagonistas são quase que um espelho uma da outra, um dos pontos mais interessantes do filme.

Brincando com estes estilos, o diretor conduz as histórias das crianças com muita sensibilidade, sem tratá-las em nenhum momento de modo condescendente. Parte do motivo para que esse tom tenha sido atingido está no trabalho cuidadoso que fez com os jovens Millicent Simmonds (Um Lugar Silencioso), Oakes Fegley (Sete Dias Sem Fim) e Jaden Michael (The Get Down), que transparecem na tela a inocência e a curiosidade típicas da infância, assim como fez Carter Burwell na trilha sonora.

A trama evolui de forma linear, mas deixa pontos mal explicados, que causam estranheza dentro da história, como o motivo para que a identidade do pai do menino nunca tenha sido revelada. Do mesmo modo, o filme se perde em alguns momentos em questão de ritmo, ora se apressando, ora demorando tempo demais para avançar com a narrativa. Ainda assim, isto não prejudica o grande mérito do longa, isto é, o caráter humano da história, com a qual é fácil de se relacionar, independentemente da idade.

No final, assim como a citação na cabeceira da personagem de Michelle Williams, o longa deixa uma mensagem otimista ao espectador: “todos nós estamos na sarjeta, mas alguns de nós estão olhando para as estrelas”.

Nota do Crítico
Ótimo
Sem Fôlego
Wonderstruck
Sem Fôlego
Wonderstruck

Autor: Brian Selznick, Brian Selznick

Ano: 2017

País: Estados Unidos

Classificação: 10 anos

Duração: 117 min

Direção: Todd Haynes

Roteiro: Brian Selznick

Elenco: Oakes Fegley, Julianne Moore, Michelle Williams, Millicent Simmonds, Cory Michael Smith, Tom Noonan, Amy Hargreaves, James Urbaniak, Hays Wellford, Damian Young, Morgan Turner, Ekaterina Samsonov, Jaden Michael, Derek Binsack, Anthony Natale, Sawyer Nunes, Marko Caka, Brian Berrebbi, Michael Wren Gucciardo, Tom Waters, Patrick Murney, Connor Moeller, Mackenzie Grace Castle, Julianne Moore, James Urbaniak, Anthony Natale, Tom Waters, Derek Chadwick

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