Antes mesmo do fim de semana na praia dos dois casais que protagonizam Splitsville começar, um daqueles casamentos é arruinado. Depois de testemunhar um acidente fatal na estrada e decidir que não dá para viver uma vida de arrependimentos, a coach e podcaster Ashley (Adria Arjona) admite sua infidelidade e pede para se divorciar de Carey (Kyle Marvin). Isso inicia um efeito dominó que, ao fim daqueles dias na casa dos ricaços Paul (Michael Angelo Covino, que também dirige o filme) e Julie (Dakota Johnson), também deixará o outro casal caminhando rumo ao fim.
A última peça a cair vem quando Paul descobre que, logo depois de ser chutado pra fora por Ashley, Carey encontrou conforto na cama de sua esposa. Não deveria ser um problema já que eles têm um relacionamento aberto, um que parece ter sido totalmente ideia de Paul e do qual ele se aproveita mais - mas, de alguma forma, saber que Julie ficou com seu melhor amigo se mostra demais para ele. Depois de ouvir Carey admitindo o que fez, Paul começa uma briga que Covino encena como a primeira de uma série de sequências hilárias de Splitsville, um filme cujo roteiro (escrito por Marvin e Covino) conquista o grande feito de ser genuinamente imprevisível sem perder de vista seus personagens.
Este enredo traça o vai-e-vem dos quatro protagonistas. Depois de praticamente destruírem a casa brigando, Paul e Carey param de se falar, e Carey decide tentar salvar seu casamento abrindo o relacionamento – algo que Ashley aceita rapidamente, trazendo homem após homem pra casa. Ele, porém, só tem olhos para uma mulher: Julie.
O que torna Splitsville tão eficaz é como ele tira seu humor das dinâmicas e desejos criadas entre os quatro, usando suas personalidades para informar as risadas. Dessas, talvez nenhuma seja tão presente quanto a que vem quando vemos Carey se tornando amigo dos novos amantes de sua esposa. Sempre que Ashley dispensa um novo namorado, este fica tão devastado quanto o marido, e a amizade inesperada que Splitsville tira disso é só uma das várias ideias divertidas de Covino e Marvin para ilustrar as dinâmicas relacionais desse quarteto. Eventualmente, a história toma rumos mais ousados e muda significativamente a situação de cada um, mas sempre que Splitsville parece ter complicado demais as coisas para haver humor, as divertidas atuações e o texto afiado revelam novas ideias.
São tantas, aliás, que seria um equívoco dizer que toda piada vem do encontro destes egos frágeis. Splitsville adota uma lógica meio Looney Tunes, nunca apostando no surrealismo mas exagerando a realidade o suficiente para nos pegar sempre desprevenidos. Algumas dessas surpresas vêm do bom uso dos coadjuvantes, dos quais o mais engraçado é o mentalista de Nicholas Braun, que complicam o filme da melhor maneira trazendo registros cômicos diferentes, mas complementares.
Tudo isso nos leva a uma conclusão que funciona quase como uma panela de pressão, se apoiando em cada tensão – seja ela dramática ou lúdica – construída até então para uma explosão de risadas. Isso tudo vem numa festa de aniversário onde sentimentos são, enfim, confessados, uma cena que sublinha a força de Splitsville não só como comédia, mas também como filme de romance e amizade
Splitsville
Ano: 2025
País: EUA
Duração: 100 min
Direção: Michael Angelo Covino
Roteiro: Kyle Marvin, Michael Angelo Covino
Elenco: O.T. Fagbenle , Nicholas Braun , Michael Angelo Covino , David Castaneda , Kyle Marvin , Dakota Johnson , Adria Arjona
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