A série The Witcher foi uma aposta e tanto da Netflix. O enredo baseado na popular franquia de jogos homônima precisava ser bom a ponto de agradar fãs do game e um novo nicho, que talvez nem sequer conhecesse a história. Estrelada por Henry Cavill como Geralt de Rívia, a produção fez sucesso e conseguiu expandir seu universo dentro do streaming. Aproveitando o êxito da franquia, e enquanto a segunda temporada não chega, a Netflix prepara uma série derivada chamada Blood Origin, que contará a história do primeiro bruxo, e lança agora o filme animado The Witcher: Lenda do Lobo.
A animação acompanha Vesemir, um bruxo de uma geração anterior à de Geralt. O velho matador de monstros que se torna figura paterna do personagem de Cavill é retratado como um jovem arrogante que tem como única prioridade o dinheiro. Após reencontrar seu amor de infância, Eliana, essa mentalidade começa a mudar e Vesemir percebe que há lutas que valem mais que moedas de ouro e prata.
A história lembra muito a usada na série live-action, onde conhecemos um bruxo que tem como único objetivo matar monstros e ganhar dinheiro, até que ele se apaixona. Porém, o filme animado é construído em um ritmo mais envolvente, e a personalidade de Vesemir deixa tudo mais divertido. Os momentos mais calmos seguidos por batalhas sangrentas ou momentos de muita tensão são o ponto forte da animação, que tira proveito da falta de censura para deixar a trama mais coerente com o que já conhecemos dos jogos e outras produções. Toda essa carnificina faz parte da essência da obra, e valorizá-la soma pontos no quesito fidelidade.
The Witcher: Lenda do Lobo, apesar de contar uma história anterior à guerra de Geralt, está diretamente ligada ao que já vimos do universo na Netflix. Aproveitando-se desse fato, a animação explora muito bem as brechas para incluir fan services e easter eggs, o que aumenta as chances de ela tocar o coração de quem gostou dos contos dos bruxos. Nesse contexto, o que pode incomodar é a falta de mais canções durante os oitenta minutos de filme. Entretanto, isso não diminui a qualidade do trabalho artístico e sonoro feito pelo Studio MIR (A Lenda de Korra), sob direção de Kwang II Han (Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion).
No mais, a animação acerta em manter o já conhecido formato ação-farra-amor-clímax, e consegue melhorar isso com a velocidade em que os acontecimentos se sucedem. Mas essa ainda não é a cereja do bolo do filme, que dá mais profundidade ao protagonista e junta algumas peças que ficaram soltas na primeira temporada de The Witcher.
Com muito mais acertos que erros, Lenda do Lobo fecha as contas com um saldo positivo, sendo uma excelente obra canônica para quem precisa entender os caminhos que levaram os bruxos ao ponto em que se encontram na primeira temporada do live-action.
Ano: 2021
País: EUA
Duração: 82 min
Direção: Kwang Il Han
Roteiro: Beau DeMayo