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Crítica

Todo o Dinheiro do Mundo | Crítica

Ridley Scott tenta injetar caráter épico em drama de sequestro

06.02.2018, às 15H44.
Atualizada em 07.02.2018, ÀS 00H01

A julgar pelo tema, Todo o Dinheiro do Mundo é um filme atípico na produção do diretor Ridley Scott, pelo menos na última década, marcada por épicos e ficções científicas entrecortados por suspenses criminais violentos. Embora a trama do filme, baseada em fatos, tenha fundo policial, Todo o Dinheiro do Mundo trata seu thriller de forma protocolar e parece mais interessado em privilegiar o drama famíliar.

Michelle Williams vive Gail, a mãe de John Paul Getty III (Charlie Plummer), herdeiro do império de petróleo do seu bilionário avô (Christopher Plummer). Divorciada do filho de Getty, Gail se vê imobilizada pelas circunstâncias quando o filho é sequestrado em meados dos anos 1970, e o ex-sogro se recusa a pagar o resgate de US$17 milhões. É Gail que seguimos ao longo da trama, mas o personagem mais explorado no longa é Getty - suas razões para não pagar o resgate, seu ponto de vista sobre os negócios, sobre a família, seu jogo de poder com a ex-nora.

Chamado de última hora para substituir Kevin Spacey, Plummer aparece bastante no filme, e de modo contundente, construindo uma figura de força e influência que o tradicional cuidado de Scott para a direção de arte e a fotografia valoriza bem. O trabalho do diretor evita armadilhas de academicismo (Todo o Dinheiro do Mundo não soa inchado por escolhas solenes e as decisões visuais de Scott valorizam a grandiosidade que Getty gera em torno de si) e a luz soturna que marca o filme do começo ao fim contribui para a claustrofobia que aprisiona Gail - mais até do que aprisiona Paul.

Apuro técnico à parte, Todo o Dinheiro do Mundo transcorre sem sobressaltos, estabelecendo relações funcionais bem básicas (Mark Wahlberg vive o especialista em segurança que está no filme mais para servir de par emocional de Gail do que como explicador do processo criminal de fato) e abusando das viradas que frustram finais felizes. Embora o filme não tenha o apelo de gênero dos outros longas recentes de Scott, é possível enxergar o diretor levantando véus em Todo o Dinheiro do Mundo (não só véus de filtro de luz mas também o véu da autoimportância dos frequentes vaivéns temporais, dos anos 1940 aos 70) para tentar injetar um caráter épico na sua narrativa. No fim, talvez esse drama familiar não seja assim tão diferente na cinematografia do cineasta.

Nota do Crítico
Bom
Todo o Dinheiro do Mundo
All the Money in the World
Todo o Dinheiro do Mundo
All the Money in the World

Ano: 2017

País: EUA

Duração: 132 min

Direção: Ridley Scott

Roteiro: David Scarpa

Elenco: Christopher Plummer, Michelle Williams, Mark Wahlberg

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