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Crítica

Um Homem Chamado Ove | Crítica

Adaptação de bestseller sueco mostra que o amor e a felicidade podem ser encontrados nos lugares mais inesperados

Omelete
3 min de leitura
14.02.2017, às 16H47.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Qual o sentido da vida? Para Ove (Rolf Lassgård), o importante é seguir a rotina de cada dia: acordar, fechar a porta de sua casa - três vezes - checar as garagens, anotar as placas dos carros que fazem pernoite no estacionamento, guardar as bicicletas dos jovens arruaceiros, chutar as placas de sinalização, verificar se o portão está trancado. À primeira vista, o senhor de quase 60 anos é o típico rabugento da terceira idade. Morando em um pequeno condomínio de casas no interior da Suécia, Ove se irrita com todos os atos dos vizinhos, que segundo ele, não fazem nada certo. Sem motivações após a morte da mulher e surpreendido por uma demissão após quatro décadas de dedicação ao trabalho, Ove resolve dar um fim à tanto sofrimento, mas a chegada de novos vizinhos acaba mudando a vida do amargo homem.

Lançado originalmente em 2015, o filme sueco dirigido e roteirizado por Hannes Holm adapta o bestseller de Frederik Backman, que vendeu mais de 700 mil exemplares pelo mundo. O longa ganhou indicações da Academia como melhor filme estrangeiro e melhor maquiagem para o Oscar deste ano, e se tornou o quinto filme mais visto na história do cinema sueco. A ação do filme se dá no passado e no presente. Os flashbacks que seguem às tentativas de suicídio revelam aspectos e histórias da vida de Ove que ajudam a reforçar a mensagem de que não devemos nos basear em primeiras impressões - como era de se esperar, existe bondade por trás de tanta irritação. Ao longo da trama, vemos Ove (Filip Berg interpreta uma versão mais jovem enquanto Viktor Baagoe é o protagonista enquanto criança) crescer em uma Suécia tradicional e austera, fascinado por Saabs (nunca Volvos) e motores de carros, experimentar a paixão pela professora Sonja (Ida Engvoll) e desenvolver um ódio justificável pela burocracia de um país em ebulição social e cultural.

Por fim, é uma inesperada amizade com os novos vizinhos - a pragmática e grávida imigrante iraniana Parvaneh (Bahar Pars), suas jovens filhas (Nelly Jamarani, Zozan Akgun), e seu atabalhoado marido Patrik (Tobias Almborg) - que dá à Ove um novo sopro de vida. Holm deixa claro que sentir-se amado é um sentimento essencial para a sobrevivência, e que a vida é muito mais doce enquanto compartilhada por outras pessoas. Tal como o livro, o roteiro de Holm monta Ove como uma figura arquétipa, mas com uma história única para contar. Ao fazer uso de elementos como a repetição de cenas, como a patrulha de Ove em seu condomínio, o filme mostra as mudanças graduais em sua personalidade e as diferenças na percepção da comunidade local com o protagonista, que deixa de ser o vigilante para ser uma figura querida por todos.

Apesar da trilha sonora às vezes escorregar no sentimentalismo, o filme consegue construir com competência uma história encorajadora e por vezes cômica de afirmação da vida. O grande destaque do elenco fica por conta de Rolf Lassgård; com uma atuação memorável, o veterano é a personificação do escandinavo correto e austero e é praticamente impossível não se comover com sua admiração para com a falecida esposa. Escorado na elegante fotografia de Goran Hallberg (O Centenário Que Fugiu Pela Janela e Desapareceu), Um Homem Chamado Ove apresenta temas tocantes e simples em meio a uma Suécia multirracial, aberta aos imigrantes e às novas culturas, e nos ajuda a relembrar que a gentileza, o amor e a felicidade podem ser encontrados nos lugares mais inesperados.

Nota do Crítico
Ótimo
Um Homem Chamado Ove
En man som heter Ove
Um Homem Chamado Ove
En man som heter Ove

Ano: 2015

País: Suécia

Classificação: 12 anos

Duração: 1h56 min

Onde assistir:
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