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Crítica

Falcão Negro em Perigo | Crítica

Verdades históricas em perigo

07.03.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

Em 1993, a luta pelo poder entre tribos e clãs rivais colocou a Somália em guerra civil, num estado de miséria mais agudo do que aquele cotidianamente vivido no Leste da África. Em seu plano de paz, a ONU enviava medicamentos e comida à população do país. Os milicianos do exército do truculento Mohamed Farah Aidid, o "Hitler da Somália", entretanto, interceptavam os fornecimentos. Assim, coube aos comandos dos Estados Unidos intervir, numa missão especial: a bordo dos helicópteros "Falcões Negros", capturariam dois oficiais do exército de Aidid, escondidos na capital Mogadíscio. Só que os milicianos conseguiram derrubar dois dos Falcões. A ação, que deveria durar sessenta minutos, levou intermináveis quinze horas de tiros, explosões e sacrifícios. Morreram no combate dezoito norte-americanos - e cerca de mil somalis

Um dos episódios mais infelizes da diplomacia internacional, um pesadelo para os estrategistas americanos, o ataque em Mogadíscio não permaneceria muito tempo sem receber a sua versão cinematográfica. E ganha, ao contrário da ofensiva norte-americana, um tratamento à prova de falhas. Na produção, Jerry Bruckheimer, o mais patriota dos norte-americanos, rei do virtuosismo técnico, responsável por Armageddon (1998) e Pearl Harbor (2001). Na direção, Ridley Scott, um gerenciador mais do que competente para tal arsenal tecnológico, o criador consagrado de Blade Runner (1982), Thelma & Louise (1991) e Gladiador (2000). Enfim, para atestar que as investidas de Bruckheimer não perdem a linha, as indicações do Oscar 2002 comprovam: são quatro categorias, Diretor, Fotografia, Montagem e Som.

Uma maneira de resumir o enfoque principal de Falcão Negro em Perigo já se consagrou em pouco tempo. Em linhas gerais, a película seria algo como os vinte minutos iniciais de O resgate do soldado Ryan, aqueles repletos de realismo, estendidos por duas horas de projeção. Até mesmo Scott confessa – o seu objetivo não era contar o desastre da maneira mais fiel, como um registro histórico, mas recriar a experiência para a platéia. Assim, fica redundante detalhar a trama. Interpretados por jovens (e fotogênicos) novos talentos, como Josh Hartnett, Ewan McGregor e Orlando Legolas Bloom, os soldados precisam arriscar as suas vidas diante de dezenas de mísseis e centenas de somalis enfezados. Enquanto os africanos caem empilhados, as famílias da América fazem sua prece. Se o desfecho parece previsível, o caminho a ele reserva surpresas "bombásticas".

PS: Falando sério, na boa, se você também se incomoda com patacoadas enviesadas, assista a outro filme de guerra, o maravilhoso Apocalipse Now Redux (2001, que rendeu uma das matérias mais bacanas do Omelete - leia aqui). Ou prefira outro helicóptero, por exemplo o Trovão Azul, que era bem mais legal.

Nota do Crítico
Bom
Falcão Negro em Perigo
Black Hawk Down
Falcão Negro em Perigo
Black Hawk Down

Ano: 2002

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 150 min

Direção: Ridley Scott

Elenco: Josh Hartnett, Ewan McGregor, Jason Isaacs, Tom Sizemore, William Fichtner, Eric Bana, Ewen Bremner, Sam Shepard, Tom Hardy, Charlie Hofheimer, Hugh Dancy, Tom Guiry, Brian Van Holt, Steven Ford, Gregory Sporleder, Željko Ivanek, Matthew Marsden, Nikolaj Coster-Waldau, Orlando Bloom, Johnny Strong, Kim Coates, Glenn Morshower, Enrique Murciano, Jeremy Piven, Brendan Sexton III, Carmine Giovinazzo, George Harris, Razaaq Adoti, Treva Etienne, Jason Hildebrandt, Ron Eldard, Ty Burrell, Giannina Facio, Boyd Kestner

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