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As Viagens de Gulliver | Crítica

Jack Black se esforça e até arranca alguns bons momentos, mas não suficientes para valer a viagem

13.01.2011, às 20H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H14

Todo mundo conhece a história de Gulliver, um náufrago que acorda na praia sendo amarrado por pequenos seres, os liliputianos. O livro de Jonathan Swift, publicado no século 18, fazia uma crítica à Inglaterra daqueles dias. A versão para o cinema estrelada por Jack Black no papel de Lemuel Gulliver, um contínuo de um jornal de Nova York, não tem pretensão tão grande. Espera ser apenas diversão para a família. Com muita boa vontade dá até para imaginar uma liçãozinha de moral sobre egos inflados e "ser você mesmo". Mas é preciso de uma daquelas lupas capazes de achar piolho em cabeça de liliputiano.

A desculpa imaginada para tirar Gulliver de Manhattan e levá-lo a Lilliput é a seguinte: quando cai na real de que é um fracassado e que jamais conseguirá ganhar o coração de Darcy (Amanda Peet), a editora do caderno de viagens do jornal onde trabalha, Gulliver se enche de coragem. Mas em vez de chamá-la para sair acaba dizendo que é um viajante profissional e estaria interessado em uma oportunidade de escrever uma matéria. Segundos depois ele está indo desvendar os mistérios do Triângulo das Bermudas. Passada uma tempestade, lá está ele estirado na areia.

As Viagens de Gulliver

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A história vai ganhando entornos de comédia romântica quando Gulliver conhece Horatio (Jason Segel), um camponês apaixonado pela princesa Mary (Emily Blunt) e tenta projetar nele todos os sucessos que nunca conseguiu em sua própria vida. Após salvar o rei de Lilliput de um incêndio, Gulliver vira herói - e sabe como ninguém desfrutar desta mordomia, ganhando uma casa com vista para o mar e um Home Theater, que aqui se apresenta no sentido mais literal possível.

É a partir deste momento que o longa-metragem adquire alguma graça, principalmente com as referências a filmes e séries de TV (de preferência também de propriedade da Fox, que lança Gulliver mundialmente). O nosso gigante protagonista decide, por exemplo, compartilhar com o povo de Lilliput a história de sua vida, desde que descobriu que Darth Vader era seu pai até o dia em que o Titanic afundou. Para se sentir mais em casa, ele pede também a recriação de uma Times Square, onde estampa sua cara em outdoors que vão de Avatar e Wolverine a Glee, passando pelos sucessos da Broadway e produtos como gPod.

Mas tirando isso, a animada (apesar de óbvia) trilha sonora que conta com "Rock and Roll All Nite", "Kiss" e "War", e o esforço de Jack Black, o filme é só problemas, principalmente na parte técnica. A computação gráfica de má qualidade mantém claro que Gulliver e os Liliputianos não passam de truques (baratos) de câmera - algo que fica ainda mais escancarado nas projeções em 3D. E o texto faz um enorme esforço para cometer o maior número possível de trocadilhos com adjetivos relativos ao tamanho, algo que a tradução brasileira resolveu não seguir tão à risca.

Assim, mesmo com alguma diversão, fica difícil ficar legitimamente satisfeito com o resultado final. As Viagens de Gulliver são como aquele feriado prolongado em que você sabe que deveria ficar em casa, que o trânsito estará insuportável, a chuva vai castigar e o destino final nem é assim tão legal, mas você aceita ir pela boa companhia. Porém, nem Jack Black com seu iPod recheado de boas músicas consegue salvar a viagem.

Nota do Crítico
Regular
As Viagens de Gulliver
Gulliver´s Travels
As Viagens de Gulliver
Gulliver´s Travels

Ano: 2010

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 85 min

Direção: Rob Letterman

Elenco: Emily Blunt, Jason Segel, Jack Black, Amanda Peet, Chris O'Dowd, Billy Connolly, Catherine Tate, James Corden, Emmanuel Quatra, Olly Alexander, Richard Laing, David Sterne, Stewart Scudamore, Jonathan Aris, Joe Lo Truglio

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