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Vizinhos 2 | Crítica

Embora repita a premissa, continuação diversifica a cartela de humor do primeiro filme

19.05.2016, às 17H43.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

A combinação de duas classes diferentes de comédia, a de tipos e a de situações, era um dos trunfos de Vizinhos (Neighbors, 2014), e a continuação Vizinhos 2 (Neighbors 2: Sorority Rising, 2016) volta a apostar nessa fórmula. Se as situações já não têm a mesma cara de novidade (a premissa da guerra de vizinhos continua sendo basicamente a mesma), porém, o novo filme é ainda melhor que o original em relação aos tipos.

Porque agora não temos apenas a dicotomia dos velhos (o casal trintão vivido por Seth Rogen e Rose Byrne) contra os novinhos (os vizinhos universitários liderados por Zac Efron e Dave Franco). A disputa geracional ganha uma terceira "equipe" - um grupo de garotas que forma uma irmandade de faculdade independente para dar suas próprias festas - e com as meninas millennials lideradas por Chloë Grace Moretz vem todo um discurso de engajamento e empoderamento que alimenta novas piadas sobre correção política.

É como se Vizinhos 2 diversificasse sua cartela de humor. A adição de uma terceira geração (Rogen/Byrne assumem a postura de quarentões, Efron encarna os dilemas profissionais dos 20 e tantos anos, Moretz e suas amigas carregam consigo a afirmação de identidade dos adolescentes) permite uma variedade maior de situações e de viradas, e diante dessa nova realidade (como se comportar diante de uma geração que problematiza tudo?) os personagens já conhecidos do filme anterior se veem forçados a mudar.

As melhores continuações de uma cinessérie - O Poderoso Chefão 2, Batman - O Retorno, Mad Max 2, O Império Contra-Ataca... - não se contentam em amplificar o que funcionou no primeiro filme e aproveitam a oportunidade para tornar mais complexas as ideias e situações propostas de início, e é isso que faz o diretor Nicholas Stoller em Vizinhos 2.

Nesse sentido, é inestimável a colaboração do trio de montadores Zene Baker, Peck Prior e Michael A. Webber, que aceleram a edição e o tempo dos planos e fazem com que o filme mude rapidamente de comédia de situação para comédia de tipos, e vice-versa. Às vezes, gags isoladas nem são tão engraçadas, mas o acúmulo e a rapidez da troca de diálogos (o elenco escaldado em comédias certamente ajuda; temos aqui atores e atrizes que visivelmente entendem e controlam seus personagens) torna tudo mais hilário.

Talvez o espectador fique com a impressão de que tudo no filme acontece rápido demais, intenso demais, num ritmo sufocante (principalmente na primeira metade, que é melhor que a segunda), mas a graça é ver que os personagens também se sentem assim, atordoados pela necessidade de se policiar 24 por 7 nesses tempos de politicamente correto e de expectativas sociais de sucesso e felicidade. Embora Vizinhos e Vizinhos 2 pareçam filmes bastante bobos, com suas gags físicas de airbags e fluidos corporais, eles sabem muito bem explorar nossas neuroses para fins cômicos.

Nota do Crítico
Ótimo
Vizinhos 2
Neighbors 2
Vizinhos 2
Neighbors 2

Ano: 2016

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 91 min

Direção: Nicholas Stoller

Roteiro: Andrew J. Cohen

Elenco: Seth Rogen, Rose Byrne, Zac Efron

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