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Geralmente, gasto entre duas e quatro horas para escrever uma crítica. É o tempo de fazer a pesquisa, ordenar as idéias, escrever e revisar. Claro que alguns filmes exigem mais tempo. Outros, menos. Como a Xuxa não deve ter gastado muito mais do que meia hora para imaginar o seu novo filme de verão, é este espaço do meu dia que vou dedicar a Xuxa Gêmeas (2006). E tá mais que bom! Principalmente porque já perdi quase três horas entre ir até o cinema, sofrer na sala de exibição e voltar pra casa.
Por que eu fui ao cinema, você pode se perguntar. Os motivos são simples. É um prazer sado-masoquista que já virou tradição aqui na Cozinha. Tudo começou lá em 2000, quando sofri vendo Xuxa Pop Star. Outro motivo é você, leitor, que ano passado ficou cobrando um texto sobre Xuxinha e Guto, tentativa da loira de se embrenhar pela animação, que ninguém da Cozinha teve coragem de ver, mas mesmo assim rendeu à Rainha dos baixinhos o título Omeleca.
As coisas sempre podem piorar
Pois bem. Se você já imaginou o que pode ser pior do que uma Xuxa, eu tenho a resposta: DUAS XUXAS! Em seu novo longa-metragem, a Maria da Graça se superou. Além de fazer Mel, a boazinha que beija animais, canta para o sol e quer mudar o mundo, ela também interpreta Elisabeth, a sua evil twin, a irmã gêmea do mal, manipuladora, malvada e egoísta. As duas foram separadas quando ainda eram pequenas. Uma foi criada por uma família de circo e hoje vive em um morro no Rio de Janeiro, em um belíssimo sobrado no meio de uma comunidade cheia de outros loirinhos como ela. É aquele morro carioca onde não há tráfico de drogas, sabe? A outra foi criada no meio do luxo na mansão da família.
Desde que o pai (Ary Fontoura) adoeceu, Elisabeth está vendendo o patrimônio da família e destruindo o jornal Dourado, para manter a sua vida de luxo e esbanjamento. Enquanto isso, Mel aguarda o patrocínio do tal diário para manter aberto o lugar onde dá aulas de circo para as crianças. No meio da história tem também um triângulo amoroso das duas irmãs com, Ivan (Murilo Rosa), um mágico do Circo do Beto Carreiro - mera desculpa para incluir números circenses e assim enrolar a falta de enredo. Tem ainda a participação especial da Alice (Ivete Sangalo), grande amiga da Mel e que se parece muito com a Ivete Sangalo, que, se for verdade o que aparece escrito, pode lançar um filme próprio nos cinemas em breve também. Estejam preparados!
Está quase acabando o meu tempo. Será que está faltando alguma coisa? Ah, sim! Entre as duas crianças principais tem o Byte (Eike Duarte), que flerta com a Ivete mesmo tendo 11 anos, e em uma cena genial salva Mel dos bandidos numa seqüência vergonhosamente mal feita que copia de forma descarada Esqueceram de Mim.
Mas sabe o que é pior do que a Xuxa? É o seu público. Durante toda a exibição do filme tive uma aula do que não se deve fazer no cinema. Um celular ficou tocando na minha orelha durante toda a sessão, as pessoas ficavam conversando e, passados 10 minutos do filme, houve uma correria generalizada para fora da sala. Fogo? Que nada. Alguém soltou a notícia de que a loira estava chegando ao cinema e o povo resolveu ir lá fora tentar vê-la de perto. A única boa notícia é que a cada ano este número de seguidores vem diminuindo. Enquanto o mal persistir nós estaremos lá para combatê-lo!
Ano: 2006
País: Brasil
Classificação: LIVRE
Duração: 90 min
Direção: Jorge Fernando
Elenco: Maria Mariana Azevedo, Marcelo Barros, Márcia Cabrita, Beto Carrero, Eike Duarte, Jorge Fernando