Desde 1995, quando lançou Toy Story, a Pixar é sinônimo de tecnologia e criatividade. Foram anos seguindo de um sucesso para o outro, passando de Ratatouille (2007) para Wall-E (2008) e Up - Altas Aventuras (2009). Depois de Toy Story 3, porém, o estúdio entrou em uma fase menos iluminada. Universidade Monstros e Carros 2 pouco acrescentavam às franquias e Valente teve problemas durante a sua produção. A crise foi declarada quando o estúdio cancelou Newt, considerado parecido demais com Rio, e adiou O Bom Dinossauro, que também enfrentava problemas nos bastidores. Depois de ficar fora da disputa pelo Oscar em 2013, quando a continuação de Monstros S.A. não foi indicada, 2014 seria um ano sem Pixar nos cinemas.
Divertida Mente (Inside Out), o primeiro lançamento do estúdio em 2015, é fruto desse momento difícil, conforme explicaram o diretor Pete Docter e o produtor Jonas Rivera ao Omelete. "Estamos em crise há 20 anos", brinca Rivera. "É, ficamos em crise a cada filme", explica Docter, "Acho que um dos motivos para o sucesso da Pixar é abraçar isso. Não há escapatória. Se você faz um filme e não acaba correndo para paredes ou não tem problemas, provavelmente há algo de errado com o seu filme, você não está se arriscando. São coisas que Ed Catmull, presidente da Pixar, disse. Ele é como um cientista que estuda criatividade. Analisou isso e concluiu que é preciso aceitar um certo nível de caos quando você está nesse tipo de negócio. Então, no fim, não foi um ano fácil, ter que adiar O Bom Dinossauro, mas foi uma decisão sábia e nos deu orgulho de trabalhar em um estúdio que, no meio da dificuldade, pois adiar um filme não é barato... Concluímos que queremos o melhor filme que podemos ter e é muito legal termos espaço para fazer isso".
O próprio Divertida Mente nasceu da crise com Newt, quando a dupla finalizava seu trabalho em Up. "Ed pediu para darmos uma olhada em Newt, para ver se assumiríamos o filme. E nós assumimos, mas para deixar tudo claro jogamos outras ideias e pensamos 'se todas essas são equivalentes, qual nos atrai mais?'", conta Docter. "Isso é uma das coisas implementadas por Ed Catmull", continua Rivera, "Você não precisa trazer apenas uma ideia, mas múltiplas ideias. Então estávamos brincando com ideias e estávamos empacados como Newt, lembro de falarmos 'o que mais temos na manga?'. Foi aí que Divertida Mente nasceu, foi quando Pete disse 'e se personificássemos emoções?', foi uma ideia bem simples que levamos adiante".
Segundo Rivera, a insatisfação é a política criativa do estúdio: "Cada filme que fazemos, nós exibimos dentro do estúdio constantemente e recebemos notas, sugestões, de todos os departamentos. Exibimos o filme cerca de 10 vezes durante a produção e são péssimos filmes em seis ou sete dessas vezes. Nós nos damos tempo de corrigir o curso e revisar e fazer o melhor possível. Às vezes, porém, você só precisa de mais tempo...É orgânico, todos são diferentes, times diferentes, objetivos diferentes, histórias diferentes...Então ficamos tristes por ter um ano sem lançamento, pois amamos que as pessoas querem um filme da Pixar por ano, mas, ao mesmo, tempo, quando essa decisão foi tomada, como Pete disse, é assim que a Pixar funciona. Focamos em Divertida Mente e trabalhamos para dar o nosso melhor e O Bom Dinossauro será tão bom quanto pode ser e isso pareceu certo para nós".
Divertida Mente estreia no Brasil em 18 de junho - leia o nosso texto de primeiras impressões. Antes, em 16 e 17 de junho, o filme terá sessões especiais com extras legendados, com Docter e Rivera mostrando os bastidores da animação e dos estúdios Pixar. O time de dubladores conta com Dani Calabresa como Nojinho (Mindy Kaling no original), Otaviano Costa como Medo (Bill Hader no original), Katiuscia Canoro como Triteza (Phyllis Smith no original), Miá Mello como Alegria (Amy Poehler no original) e Léo Jaime como Raiva (Lewis Black no original).
