É tudo verdade!

Nasceu o bebê diabo em São Paulo

Vida em Cana

O evangelho segundo Jece Valadão

Timor Lorosae - O massacre que o mundo não viu

Viva São João

Sonhadores

A Arte Naif do Haiti, o Jazz latino e a grande arte de Jece Valadão. Os atentados de 11 de Setembro de 2001, os cortadores de cana-de-açúcar do Brasil e os conflitos no Timor Leste. São os recortes da realidade, do mais estapafúrdio ao mais polêmico, que configuram o gênero do filme-documentário.

Em sua sétima edição, o festival É Tudo Verdade, o mais importante do Brasil no departamento, idealizado e dirigido pelo jornalista e crítico Amir Labaki, reúne aquelas produções que encantam e que chocam com os fatos verídicos. O evento acontece no Rio de Janeiro, de 11 a 28 de abril, no CCBB e na Casa França Brasil. E, em São Paulo, de 15 a 21 de abril, com entrada gratuita, no Cinesesc, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Cineclube DirecTV, no Centro Cultural São Paulo e no Cinusp.

Em 1942, como parte da sua política de boa vizinhança, Franklin Roosevelt (1882-1945), então presidente dos Estados Unidos, enviou ao Brasil o jovem e instigante diretor Orson Welles (1915-1985), com a missão de produzir um documentário sobre o País. Its All True, a sua obra, nunca foi terminada. O teor do documentário fizera com que fosse proibido, ou até mesmo parcialmente destruído, dizem as hipóteses mais aceitas acerca do episódio. O material sobrevivente, 88 minutos dentro das mais de duas horas planejadas originalmente por Welles, forma a versão finalizada de É Tudo Verdade.

E assim foi batizado o festival de documentários. Detalhe: no aniversário de sessenta anos da vinda do norte-americano, a sétima edição do festival programa uma retrospectiva do cineasta. São dois títulos assinados pelo próprio Welles, mais cinco que retratam a sua faceta documentarista, além do próprio filme editado de 1942.

Bebê Diabo

A premiação na área da Competição divide-se em três categorias: Melhor Documentário Internacional, Melhor Brasileiro em Longa ou Média-Metragem e Melhor Brasileiro em Curta-Metragem.

O júri em 2002: o diretor argentino Andrés di Tella, o crítico e pesquisador curitibano Ismail Xavier e o diretor dinamarquês Tue Steen Müller avaliam os estrangeiros; o português Dario Oliveira e as brasileiras Helena Solberg e Idê Lacreta cuidam dos nacionais.

Completam a programação a mostra não-competitiva O estado das coisas, sobre novas tendências, e os programas especiais com documentários premiados de 2001, produções dos jurados do festival e seminários sobre os temas abordados, em especial a temática dos atentados terroristas contra os Estados Unidos, pauta de três filmes. No total, são 93 trabalhos em todos os setores, dentro dos mais de quatrocentos inscritos.

Labaki resume o panorama da edição 2002. Para o diretor, os filmes internacionais conseguem englobar a produção dos principais documentaristas, como Frederick Wiseman, Agnès Varda, Fernando Trueba, Joahan van der Keuken e Carmen Guarini & Marcelo Céspedes. Já em relação aos brasileiros, as escolhas coroam a nova geração - nomes como Renata Druck, e o seu Nasceu o bebê diabo em São Paulo (2002), Jorge Wolney Atalla e o premiadíssimo internacionalmente A vida em cana (2001) e até mesmo a atriz Lucélia Santos e o seu Timor Lorosae - O massacre que o mundo não viu. Labaki também faz menção aos curtas: "Dado a força e a quantidade desse tipo de produção, decidimos criar uma competição específica.

Entre tantas películas, no meio dos mais variados assuntos, fica difícil eleger aqueles imprescindíveis. Como em todo festival de cinema, vale a lei da surpresa. Arrisque. Invariavelmente, a escolha de uma sessão aleatória resulta numa bela descoberta. O filme sobre a Arte Naif no Haiti chama-se Sonhadores (2002), dirigido pelo dinamarquês Jorgen Leth. Já aquele que aborda a música latina, Rua 54 (2000), é dirigido por Fernando Trueba, um dos mais importantes realizadores espanhóis. Praticamente imperdível, o documentário que esmiúça a carreira de Jece Valadão chama-se O evagelho segundo Jece Valadão (2001), dirigido por Joel Pizzini. E ainda há as festas juninas de Viva São João! (2002), de Andrucha Waddington, estrelado por Gilberto Gil; Os catadores e Eu (2000), de Agnès Varda, um sucesso de público na França; Janela da alma (2001), de João Jardim e Walter Carvalho, eleito o Melhor Documentário na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo... E muito mais.

MAIS INFORMAÇÕES:
Site oficial do evento - www.etudoverdade.com.br