Filmes

Crítica

Elysium | Crítica

Diretor repete acertos na construção do cenário e erros na destruição do clímax

19.09.2013, às 18H36.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Neill Blomkamp chamou a atenção do público em sua estreia, Distrito 9. O filme, produzido por Peter Jackson, carregava uma série de metáforas políticas e morais em um cenário de ficção científica em que a Terra estava vivendo sob a nuvem de uma enorme nave alienígena. Dali era possível ver claramente que o apartheid ainda fazia parte da cultura sul-africana e que o preconceito e a segregação estavam longe de acabar. O novo filme do diretor sul-africano, Elysium (2013), esquece os ETs, mas não o sub texto político.

Elysium

None

Elysium

None

Elysium

None

Elysium

None

Estamos no meio do século 22 e o cenário é muito parecido com o que foi mostrado recentemente em Wall-E. Vendo o lixão que a Terra estava virando, os humanos criaram um satélite artificial onde poderiam viver em paz com seus gramados perfeitos, rodeados de pessoas lindas e, principalmente, saudáveis. Porém, este paraíso que dá nome ao filme tem seu preço e nem todos podem pagá-lo. Ao contrário da animação da Pixar, não é apenas um robozinho fofo que é deixado para trás. Toda uma população fica na Terra, sofrendo dia após dia nas mãos dos endinheirados que controlam as fábricas e seus robôs de diretrizes quase nazistas.

Olhar para aquele favelão latino que virou Los Angeles no filme é como espiar para além do muro dos condomínios de luxo que vemos hoje em muitas das cidades do Brasil e, claro, em outros países onde a distribuição de renda é desequilibrada. Não à toa, o elenco principal da Terra - exceção feita ao protagonista Matt Damon - é formado pelo mexicano Diego Luna (E Sua Mãe Também), o também sul-africano Sharlto Copley (irreconhecível como um mercenário) e os brasileiros Alice Braga e Wagner Moura. Em entrevistas recentes, os atores elogiaram o trabalho do diretor em buscar pessoas que entendiam bem o que era aquele cenário de pobreza onde os personagens viviam. Faz parte da sua bem bolada fórmula de mostrar ao mundo o que já está acontecendo hoje, bem debaixo de nossos narizes.

Fantástico

Para criar um vínculo com o público, acompanhamos Max (Damon) desde sua infância - no orfanato onde conhece a personagem de Alice Braga (em papel de pouco destaque)-, seu cotidiano, seu passado e a grande reviravolta, quando tem de encontrar Spider (Moura) para conseguir sobreviver. O brasileiro faz uma mistura de hacker, líder do submundo e "coyote", ajudando pessoas a tentarem entrar na Elysium. Ao criar um personagem totalmente "pilhado", Moura consegue fugir do que vinha fazendo aqui no Brasil e chamar atenção lá fora. Sua atuação rendeu inúmeros elogios em diversas publicações, incluindo o New York Times, que o classificou como "fantástico" - com justiça.

Já Damon vive um papel dois-em-um. Antes de ter de se submeter a uma cirurgia que o transforma em um híbrido de humano e máquina, ele era um cara pobre, mas com senso de humor. Ao encarar a morte de perto, vira uma versão RoboCop de seu personagem mais famoso, Jason Bourne. Dá para entender a mudança de personalidade de Max, mas quem mais sofre com isso é o filme, que perde seu carisma.

Enquanto isso...

Do lado de cima da disputa está Delacourt (Jodie Foster), que comanda a nave com punho de ferro. Quando percebe que a vida perfeita na nave está em risco, ela coloca em ação seu mercenário na Terra (Copley). E neste momento em que a ação se inicia é que começam também os problemas mais graves do filme. Tecnicamente, o filme só pecava por problemas de som direto, principalmente com os personagens de Wagner Moura e Jodie Foster. Mas quando a trama atinge de vez a Elysium, as mudanças de rumo dos personagens e a correria mal explicada não combinam o que vinha sendo feita até então. Esta reviravolta não é bem-vinda e tira de contexto a crítica social feita no início do filme.

Mais uma vez, Blomkamp consegue criar um cenário interessante e cheio de significados para depois destruí-lo da forma mais "hollywoodiana" possível. Os fãs de ficção científica e ação não terão do que reclamar, mas quem esperava um filme mais politizado pode se decepcionar com o desfecho. Que o futuro (dele e da Terra) seja melhor do que Elysium.

Elysium | Cinemas e Horários

Elysium | Entrevista Wagner Moura e Alice Braga

Elysium | Entrevista Matt Damon

Elysium | Entrevista Neill Blomkamp

Nota do Crítico
Bom
Elysium
Elysium
Elysium
Elysium

Ano: 2013

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 109 min

Direção: Neill Blomkamp

Roteiro: Neill Blomkamp

Elenco: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Diego Luna, Wagner Moura, William Fichtner, Faran Tahir, Jose Pablo Cantillo, Maxwell Perry Cotton, Brandon Auret, Josh Blacker, Emma Tremblay, Adrian Holmes, Jared Keeso, Talisa Soto, Michael Shanks, Carly Pope, Ona Grauer, Terry Chen, Chris Shields

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.