Quando o primeiro trailer de Carros 3 foi divulgado - assista aqui, o público ficou surpreso com o tom mais sério da prévia: conhecida por ser divertida e com cores vibrantes, a franquia agora mostrava o protagonista Relâmpago McQueen sofrendo um grande acidente nas pistas.
Em entrevista por telefone ao Omelete, a animadora brasileira Priscila Vertamatti, que faz parte da equipe do filme, diz que isso foi intencional: “Havia expectativa com o filme e eles quiseram falar com as crianças que cresceram, de um modo que todos pudessem gostar”, explica.
Natural de Vinhedo, interior de São Paulo, Vertamatti revela que teve influências de longas como O Rei Leão (1994) e sempre sonhou em trabalhar com animação. Já a entrada na Pixar aconteceu através de um estágio: “O que difere é que eles olham muito a qualidade da sua animação. É [um processo] bem mais longo e rígido”.
Antes da Carros 3, a animadora também trabalhou em filmes conhecidos do público como Divertida Mente (2015) e Universidade Monstros (2013). Ela revela que o trabalho de animação dos personagens nesses longas foi “mais difícil de controlar” por conta do traço do desenho. Já o filme de Relâmpago McQueen precisou de uma preparação diferente: “Vimos algumas cenas de corridas e o importante foi fazer tudo dentro das limitações do personagem, como não colocar a roda muito longe do corpo, etc”.
Mercado para as mulheres
Com o passar dos anos, as mulheres conseguiram conquistar mais espaço no cinema, incluindo nas animações, mas a desigualdade ainda é grande. Segundo um estudo do Center for the Study of Women in Television & Film, mulheres representaram 17% de todos os diretores, roteiristas e produtores dos 250 maiores filmes lançados em 2016. Em 2013, o mesmo estudo apontou que a maior parte das mulheres trabalha em comédias, dramas e documentários e aparecem menos em produções de ficção científica, terror e animação.
“Na universidade era dividido 50% e 50% entre homens e mulheres. Aqui na Pixar temos apenas 18% de mulheres trabalhando e não sei de onde vem isso. Sempre conversamos para tentar incluir mais mulheres, trazer mais diversidade. Ainda tem muito o que melhorar”, diz a animadora, que mesmo assim vê o futuro da questão com otimismo.
“Precisamos acreditar em nós mesmas e um dia não teremos mais diferenças. Existem vários caminhos, você pode trabalhar no Brasil e ir para os EUA mais tarde. Mas o mercado no Brasil está crescendo, somos um povo criativo e com muito potencial”, finaliza. Carros 3 está em cartaz nos cinemas.