Filmes

Entrevista

Festival de Berlim | "Ilha de Cachorros nasceu do desejo de falar sobre abandono", diz Wes Anderson

Longa do diretor fez sucesso no festival alemão

15.02.2018, às 10H58.
Atualizada em 17.02.2018, ÀS 01H04

Falta um mês para a estreia comercial de Ilha de Cachorros nos EUA, mas se a animação em stop motion dirigida por Wes Anderson repetir em solo americano a comoção que causou na Alemanha, na abertura do 68º Festival de Berlim, a Fox terá um fenômeno popular nas mãos. A cada cinco minutos da projeção vinha uma gargalhada coletiva. E, entre uma e outra, vinha um risinho, seguido de comentários baixinhos do tipo "Que delícia de filme". Mesmo nos momentos de maior exotismo, esta aventura ambientada em um Japão futurista, com ares de distopia, agradou aqueles que torcem o nariz para o estilo palavroso e fabular do realizador de cults como O Grande Hotel Budapeste (2014).

Fox/Divulgação

"Desde que eu entrei no universo da animação, com O Fatástico Sr. Raposo, eu me aproximei muito da obra de Hayao Miyazaki e aprendi em seus desenhos, como A Viagem de Chihiro, o valor do silêncio que há na natureza", disse Anderson ao Omelete ao fim da exibição do filme, cercado por seu time estelar de dubladores, entre eles a diretora Greta Gerwig, indicada ao Oscar 2018 por Lady Bird - A Hora de Voar. "A melhor coisa de se filmar uma animação é que você não corre o risco de ouvir um ator te dizer 'não tenho agenda disponível'. Ele terá sim agenda livre, porque você pode gravar voz até por telefone".

Além de Gerwig, dois veteranos parceiros do diretor, Bill Murray e Jeff Goldblum, elevaram o humor da coletiva de imprensa do filme, cuja estrela maior acabou sendo o eterno Walter White: Bryan Cranston. É dele a voz do "herói" do filme, ou quase isso: o vira-lata Chief. É ele quem ajuda o menino Atari a salvar seu cãozinho, Spot (dublado por Liev Schreiber, da série Ray Donovan), de um depósito para bichos de estimação, quase sempre caninos, que a Prefeitura se recusa a manter em convívio com os seres humanos. "Perdi um cachorro recentemente, o que doeu, mas espero em breve adotar um novo cão. Talvez dê a ele o nome de Bill Murray", brincou Cranston.

Segundo Anderson, Ilha de Cachorros nasceu do desejo de falar de abandono. "Queria contar uma história no Japão e misturei a esse desejo um interesse por como vivem os cães abandonados", disse o cineasta.

Apresentado no festival em disputa pelo Urso de OuroIlha de Cachorros vai ser lançado no Brasil no dia 14 de junho. Nesta sexta (16) começa a participação de cineastas nacionais na Berlinale com a projeção do documentário Aeroporto Central, do cearense Karim Aïnouz na seção Panorama. Na mostra oficial, a sexta amanhece com a coprodução sulamericana Las Herederas, do paraguaio Marcelo Martinessi, que tem coprodução com o cinema nacional.

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