Filmes

Entrevista

Sucesso na TV, George Moura supervisiona filmes polêmicos, como Aos Teus Olhos

Autor lança a supersérie da Globo Onde Nascem os Fortes no dia 23 de abril

11.04.2018, às 12H54.

Faltam dez dias para a estreia de Onde Nascem os Fortes, a nova supersérie da TV Globo, e o responsável pela trama, George Moura, hoje um dos mais requistados e respeitados roteiristas do país, encontra-se diante do nascimento de outras crias, na seara do cinema nacional. Aos Teus Olhos, de Carolina Jabor, teve o jornalista e autor de TV pernambucano como seu supervisor de dramaturgia.

Trata-se de um longas-metragens mais premiados do país, aqui e no exterior, entre os títulos que circularam por mostras de 2017 para cá, tendo conquistado o Troféu Redentor no último Festival do Rio em quatro categorias: Júri Popular, Ator (Daniel de Oliveira), Ator Coadjuvante (Marco Ricca) e Roteiro (Lucas Paraíso).

A trama aborda o conflito em uma escola de natação depois que um professor é acusado de ter dado um beijo em um aluno, o que deflagra um linchamento virtual.

A violência nas redes sociais também permeia Ferrugem, drama de Aly Muritiba, exibido em Sundance, que Moura supervisionou. Responsável por sucessos da televisão como O Canto da Sereia (2013) e Amores Roubados (2014), ele ainda assina o roteiro do esperado O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, uma das apostas do Brasil para o 71º Festival de Cannes.

Na entrevista a seguir, Moura fala sobre a visão que Carolina Jabor e Aly Muritiba traçaram sobre a juventude na internet.

Omelete: Você foi supervisor de dramaturgia de Aos Teus Olhos, um drama em tom de thriller sobre os linchamentos coletivos nas redes sociais. Que tragédia humana aquela história aponta?
George Moura: É uma tragédia contemporânea que ferve nas redes sociais e pode transformar ilações em fatos consumados. E esse fatos consumados em julgamentos, que destroem a reputação de uma pessoa. Não que as redes sociais sejam um mal em si. Mas elas estão a apenas um click de uma tomada de posição e ainda tem o anonimato como trunfo. E isso pode gerar distorções extremamente perversas. Aos Teus Olhos trata deste tema, ao fazer um retrato de um professor de natação que tem sua vida virada de cabeça para baixo, a partir de uma especulação. O frenesi de boiada das redes sociais é algo que cega e nela há um universo mais receptivo ao império das meias verdades. Pior do que uma mentira é uma meia verdade, pois você não sabe onde ela começa e onde ela termina. O filme de Carolina toca com argúcia e delicadeza nessas questões.

Suas experiências como supervisor de roteiro, em projetos da Globo Filmes, incluem ainda o filme Ferrugem, de Aly Muritiba, que nos representou no Festival de Sundance, nos EUA, em janeiro, e também aponta questões éticas das redes sociais. Que pontos em comum podemos levantar com Aos Teus Olhos?
São dois segundos longas de dois jovens diretores sintonizados com seu tempo. Os trabalhos com Aly e com Carolina foram de diálogos muito prazerosos no processo da escrita. O filme do Aly mostra a inabilidade dos jovens no manuseio das redes sociais e as consequências trágicas disso. No filme da Carolina, fizemos um trabalho minucioso no roteiro para evitar o julgamento do personagem e trabalhamos com um final aberto para que cada espectador adentre ainda mais na trama e pense como agiria numa situação como aquela. São dois filmes irmãos, que tratam de temáticas urgentes e da nossa perplexidade diante desse estranho mundo novo.

Como é a expectativa da a estreia de Onde Nascem Os Fortes, no próximo dia 23 de abril na Globo? Que dramas morais podemos esperar da sua nova supersérie?
Seguimos trabalhando nas filmagens, montagem e sonorização, com o coração batendo forte e o desejo que o público mergulhe nessa história com a curiosidade e a paixão que mergulhamos. Onde Nascem Os Fortes é uma história de paixões e do que ela pode provocar: amor e, às vezes, ódio. E diante do ódio, a única saída pode ser o perdão. Desejamos entreter, afinal estamos fazendo TV aberta, mas queremos também refletir sobre o Brasil de hoje, um país ferido, onde, muitas vezes, a lei e a justiça não são para todos e servem apenas para alguns.

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