O novo filme de Quentin Tarantino, Era Uma Vez em... Hollywood, não chega em 2019 por acaso. Retratando o fim dos anos 60 em Hollywood, o filme traz diversos personagens reais à tela, mais proeminentemente a atriz Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie. Se passando durante três dias durante o ano de 1969, Era Uma Vez... em Hollywood chega no aniversário de um dos eventos mais marcantes daquele ano, o que ficou conhecido como “os assassinatos Tate” pela Família Mason.
Claro que não é preciso conhecer tudo que aconteceu para acompanhar o filme, mas uma base sobre quem era Sharon Tate, Charles Manson e o clima de Los Angeles na época certamente ajudará a aproveitar a produção de Tarantino. Por isso, reunimos abaixo algumas informações históricas – SEM SPOILERS - para quem quiser ir para o cinema preparado:
Sharon Tate
Em Era Uma Vez… em Hollywood, Margot Robbie interpreta Sharon Tate, esposa do diretor Roman Polanski e conhecida globalmente por ter sido vítima da família Manson nos assassinatos de 1969. Antes disso, Tate estava na ascensão de sua carreira cinematográfica. Durante os anos 60 ela trabalhou em papeis pequenos na TV e no cinema e ficou mais conhecida profissionalmente principalmente após o lançamento de O Vale das Bonecas, em 1967. Pouco antes disso ela filmou A Dança dos Vampiros, dirigido e estrelado por Roman Polanski, com quem se casou.
Tate e Polanski tiveram um casamento de celebridade e eram o casal quente da época, já que a carreira dos dois estava em seu auge. Em 68 Polanski lançou seu mais aclamado filme, O Bebê de Rosemary, e Tate era considerada uma das atrizes mais promissoras da época, ao lado de Mia Farrow. Em 68, Tate apareceu em cartaz com Arma Secreta contra Matt Helm (The Wrecking Crew) e Eram 13... mas Faltava Uma (12+1), seu último filme completo.
No fim do ano, aos 26 anos, Sharon Tate engravidou, o que levou o casal a se mudar para Los Angeles, no endereço que se tornaria notório, em 10050 Cielo Drive.
Charles e a Família Manson
Registros e relatos do fim dos anos 60 nos EUA sempre descrevem uma sombra crescente que surgia na ideologia hippie, ameaçando a atmosfera de paz e amor. Em Los Angeles, o que se concentrava era a influência de Charles Manson, que reunia um grupo de seguidores de suas filosofias que viria a ser chamado de Família Manson.
Manson nasceu em 1934 em Ohio e teve uma infância conturbada, negligenciado pela família e se envolvendo em crimes desde criança. Sua primeira passagem pela cadeia foi aos 15 anos e a partir de então foi detido diversas vezes por diferentes transgressões. Em 1967 ele se mudou para São Francisco e se aproveitou do clima de amor livre da época, manipulando jovens e vulneráveis mulheres, se apresentando como um líder religioso e reunindo um grupo de seguidores.
O número de seguidores de Manson é incerto, mas relatos geralmente citam aproximadamente 100 simpatizantes e 30 membros ativos do culto. A maioria do grupo, que vivia em comunidade, era composta por jovens mulheres. Apesar de serem responsáveis por uma série de crimes ao redor de Los Angeles, a Família Manson virou manchete em 1969, quando quatro membros, sob as ordens de Manson, assassinaram cinco indivíduos em Cielo Drive, no que viria a ser chamado como os assassinatos Tate.
Rancho Spahn
Curiosamente, a família Manson cresceu e se estabeleceu na moradia de Dennis Wilson, baterista e co-fundador do Beach Boys. Depois que o gerente do músico os expulsou, os integrantes se mudaram para o Rancho Spahn, um antigo set de filmes Westerns nos arredores de Los Angeles. Em troca de auxílio e relações sexuais com as mulheres da família Manson, o proprietário da área George Spahn permitiu que o grupo se estabelecesse no local.
Os assassinatos Tate
Em 8 de agosto de 1969, Tate estava grávida de oito meses e meio e havia retornado da Europa para a fase final da gestação, enquanto Polanski trabalhava na Europa. Ela estava com seus amigos Jay Sebring, Wojciech Frykowski e Abigail Folger, quando três membros da Família Manson - Tex Watson, Susan Atkins, e Patricia Krenwinkel - invadiram a casa, assassinando todos a tiros e facadas, inclusive Steven Parent, um indivíduo que estava na propriedade visitando o caseiro, que morava nos fundos.
É difícil apontar um início para a história dos assassinatos, porque havia pouca relação entre Roman Polanski, Sharon Tate e Charles Manson. Talvez um dos fatores que ajude a entender é que Charles Manson, antes de se tornar o líder de um culto massivo, buscou de diversas formas ser um músico famoso. Ele fez aulas de violão e escrevia músicas, e em sua juventude fez amizade com o produtor Terry Melcher, namorado de Candice Bergen, a residente da casa 10050 Cielo Drive em 1968.
Durante o ano, Manson chegou a passar algum tempo na residência até que a mãe de Melcher (a atriz Doris Day) se disse preocupada com a relação e convenceu o casal a se mudar. Em junho de 1968, Melcher finalmente disse à Manson que ele não teria um contrato com gravadora. Um artigo da Vox descreveu a relação do líder da Família com a residência: “Manson pareceu ter fixado a casa em sua mente como um microcosmo de Hollywood, que lhe negou tudo que queria”.