Fernanda Torres parece ter atingido o auge de sua carreira com Ainda Estou Aqui. A estreia do filme de Walter Salles nos cinemas brasileiros, nesta quinta-feira (7), segue consolidando o burburinho de indicação ao Oscar 2025 - para o longa e para a atriz! Torres, enfim, está nos holofotes como nunca antes, uma recompensa merecida para uma trajetória de mais de quatro décadas no cinema e na TV, que nos presenteou com atuações inesquecíveis.
Em comemoração a este momento, o Omelete escolheu seguir nossas cinco atuações preferidas da estrela. Confira!
Terra Estrangeira
Onde ver: Disponível para streaming na Netflix e Globoplay.
Considerado um dos 100 melhores filmes já produzidos no Brasil, a obra dirigida por Walter Salles e Daniela Thomas conta a história de um jovem brasileiro que decide deixar seu país e viajar para Portugal, a terra natal de sua mãe, que faleceu. Sem dinheiro, ele aceita levar um pacote para a terra estrangeira do título. Lá, o jovem perde o pacote, mas conhece Alex (Torres) e o namorado dela, Miguel (Alexandre Borges). Logo, os três se envolvem em um perigoso esquema de contrabando. Um dos principais filmes da retomada do cinema nacional, ao lado de O Quatrilho e Carlota Joaquina, Terra Estrangeira fala muito sobre a situação desesperançosa - política e social - do país nos anos anteriores a ele, jogando ainda uma luz na vida dos imigrantes que tentaram a sorte ao sair do Brasil no período.
O Que É Isso, Companheiro?
Onde ver: Disponível para streaming na Prime Video, Globoplay, MUBI e Looke.
Indicado ao Oscar no mesmo ano de Titanic, O Que É Isso, Companheiro? conta a história real do sequestro do embaixador americano Charles Burke durante o período da ditadura no Brasil. Baseado no livro de Fernando Gabeira e dirigido por Bruno Barreto, o filme é construído como um suspense político de ação e aproveita para ficcionalizar diversas partes da história real, tornando-se um produto pop, como o público em geral estava acostumado a ver em obras estrangeiras. Torres interpreta Maria, inspirada na militante Maria Augusta Carneiro Ribeiro, enquanto Pedro Cardoso interpreta Paulo, personagem inspirado em Gabeira. Alan Arkin, vencedor do Oscar por Pequena Miss Sunshine, interpreta o embaixador americano.
Os Normais/Tapas & Beijos
Onde ver: Disponível para streaming no Globoplay.
As duas sitcoms globais que estabeleceram o nome de Fernanda Torres como uma força a ser reconhecida na comédia brasileira, Os Normais (2001-2009) e Tapas & Beijos (2011-2014) não devem ser subestimadas como testamentos do talento da atriz. Encontrar o timing do humor brasileiro de TV aberta não é fácil, especialmente se a ideia é fugir dos bordões repetidos e formatos manjados para fazer um retrato contemporâneo autêntico - e autenticamente engraçado. Seja como Vani ou como Fátima, durante os anos que duraram o seu reinado na comédia da TV Globo, Torres representou a versão cômica da mulher brasileira comum (e tudo o que ela tem de incomum) como ninguém.
Jogo de Cena
Onde ver: Disponível para streaming na Netflix.
No clássico de Eduardo Coutinho, Torres forma um trio formidável com Andréa Beltrão e Marília Pêra como os rostos mais conhecidos da brincadeira proposta pelo documentarista: em um teatro vazio, atrizes e mulheres “comuns” se misturam, contando histórias reais e inventadas, para borrar a linha entre verdade, ficção e performance. Uma aula de cinema feito com os recursos mais básicos do meio, Jogo de Cena não seria nada sem suas estrelas, e Torres surge em tela como um amálgama irresistível de tensão, humor e fragilidade que desarma o espectador quase de imediato. Está tudo na postura, na inflexão da voz, na direção do olhar - está tudo nela.
Ainda Estou Aqui
Onde ver: Em cartaz nos cinemas, futuramente no streaming pelo Globoplay.
“Nós vamos sorrir.” Quando a Eunice de Fernanda Torres diz isso aos fotógrafos que buscam enquadrar sua família como uma casa de tristeza, ela dá um passo além no seu papel em Ainda Estou Aqui. Mais do que uma bússola moral ou meramente uma protagonista, a atriz passa a encarnar a realidade emocional de todo o filme. Os homens que executaram a morte de Rubens Paiva tinham como missão negá-la. Seus colegas ainda podem se dar ao luxo de transformá-la em causa, em pauta, de pensar na melhor estratégia para aproveitar a tragédia da família Paiva. Para Eunice, que Torres vive com o olhar de quem acumula escolhas impossíveis, não tem como se distanciar do vazio. A ausência do marido é inescapável, representada nos arquivos de família e nas perguntas difíceis de seus filhos, mas ela não se rende. Ela segue sorrindo. Qualquer outra resposta é uma vitória dos outros, mas o sorriso é a vitória de sua família.